Wednesday, 1 September 2010

Uma (e suficiente) razão para não votar no Serra

Até aqui, apenas um mês das eleições presidências no Brasil, históricas per se porque marcam o fim da era Lula (ou não...), não havia me manifestado sobre o tema.


Mesmo sendo óbvio que o momento é parte das minhas áreas de interesse, não pautei o dialogo na blogsphere diretamente sobre a questão porque análises e opiniões desde o ponto de vista de quem vive o processo de dentro existem aos montes.


Reconheço, porém, que desde alguns anos eu acompanho o país desde o olhar de fora – o que te permite uma perspectiva singular - e que tenho uma história pessoal, ainda que limitada, que organicamente me associa a militância política e, portanto, resulta impossível deixar de fazer um comentário e explicitar uma posição em plena efervescência eleitoral brasileira.


Talvez haja algumas razoes para votar na Dilma, há varias para votar no Plinio, nem tantas para votar na Marina e, certamente, entre muitas outras, pelo menos uma poderosa razão para NÃO VOTAR NO SERRA.


E esta é: Serra, além de todo o DESprojeto nacional que ele representa, é um cagão.


E um cagão é tudo o que o Brasil não precisa neste momento. Serra se reuniu com militares no Clube da Aeronáutica no Rio de Janeiro, na sexta-feira passada, dia 27 de agosto, como parte de uma série de palestras que também incluirá Dilma e Marina.


Numa platéia com muitos oficiais da reserva, do período em que os generais ditadores governavam o Brasil (64-85), Serra, ápice do oportunismo, afirmou que a discussão sobre a punição de torturadores da ditadura militar é um equívoco.


Segundo o site Rede Brasil Atual, o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, lamentou as declarações do candidato do PSDB à Presidência da República. Abrão considera que o teor do discurso (de Serra), é fruto da conveniência do momento eleitoral para "não querer enfrentar diretamente um assunto que é tão caro para nossa sociedade".


Serra, exilado durante o regime, atribuiu a setores do governo federal a tentativa de discutir o passado. "Reabrir a questão da anistia para mim é um equívoco porque a anistia valeu pra todos e ao meu ver não é algo que deveria ser reaberto. Uma coisa é ter conhecimento do que aconteceu etc. Outra é a reabertura dos processos que, aliás, pegaria gente dos dois lados", disse.


Serra, ao se manifestar tão covardemente sobre a óbvia necessidade de revisar a lei de anistia, joga a pá de cal sobre a sua bizarra tentativa de ser presidente do Brasil.


Não é possível que nenhum pretendente a ocupar o primeiro cargo da nação ignore os tratados e as convenções internacionais de direitos humanos, que dizem o contrário. Equivaler torturados com torturadores é ignorar a perspectiva dos direitos humanos.", afirma com genialidade Paulo Abrão.


Não é possível a comparação entre os que resistiram à violação dos direitos humanos durante um regime de opressão e terror e os que se apropriaram do Estado para cometer as violações.


O presidente da Comissão de Anistia também avalia que é preciso aproveitar o momento para eleger, no Congresso, uma bancada alinhada à revisão da Lei de Anistia. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu, no último mês de abril, que a Lei 6.683, de 1979, foi fruto de um amplo processo de acordo, não havendo, portanto, necessidade de rever o tema, dando possibilidade à punição de torturadores. Com isso, restou aos familiares de mortos e desaparecidos tentar a mudança pelo Legislativo.


Não merece seriedade quem não respeita a memória histórica do país, ou, pleiteando tornar-se a máxima autoridade civil brasileira eleita por voto direto e universal, age em favor da desmemoria por medo de enfrentar a impunidade que inclui o Brasil entre os campeoes mundiais de desigualdade e injustiça,

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