Hoje é um dia de folga “semi-oficial” no Brasil, algo que me soa engraçado ao estar tão acostumado com a escassez de feriados na Grã-Bretanha. Apenas amanhã é o feriado nacional realmente, e de longe são divertidos os nossos “feriadões” tupiniquins. Fico lembrando que melhor ainda é de perto, ao poder-se aproveitar in loco os dias livres estendidos que aquele famoso jeitinho cria.
E a independência do Brasil celebrada no dia 7 de setembro, que permite aos compatriotas essa folga inusitada, também coincide neste ano com outra data de absoluta importância que todo o cidadão deveria estar ciente. Tudo bem se você quiser levar sua bandeirinha verde-amarela pra avenida principal da cidade enquanto assiste aos milicos desfilarem - cada um se diverte como pode - mas aproveite o ensejo e exerça verdadeiramente seu amor pelo Brasil participando da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra.
A sociedade brasileira tem a oportunidade de dizer se é a favor ou contra a concentração de terras no país, ou seja, se concorda ou não com o latifúndio, uma das mais óbvias – e absurdas – causas da desigualdade social no Brasil. O Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra acontece por todo o país com locais de votação espalhados pelas principais ruas e universidades das principais cidades brasileiras. (A lista completa de todos os locais de votação pode ser encontrada aqui).
A ação não é uma iniciativa governamental, e sim de 54 entidades e movimentos sociais que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária (FNRA, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O Brasil é o segundo país do mundo em concentração agrária (só perde para o Paraguai) e menos de 3% dos proprietários de terra possuem mais da metade das terras agricultáveis, e deixam a maior parte delas sem produzir. É um dos únicos que não tem absolutamente nenhuma lei que discipline a compra de terras. O acesso a terra é um tema clássico na relação com a desigualdade social. A estrutura fundiária brasileira é ridiculamente retrógrada e assusta qualquer pessoa de bom senso, principalmente estrangeiros, que não entendem abominações como esta: Segundo a ONG Repórter Brasil, um dos exemplos do grau de concentração de terras em nosso país é a área de 4,5 milhões de hectares, localizada na Terra do Meio, coração do Pará, que o grupo CR Almeida, do empresário Cecilio do Rego Almeida, reivindica para si. Trata-se do maior latifúndio do mundo.
Segundo o sociólogo Lauro Borges “para dar sustentação a este raciocínio, basta constatar que mesmo com toda esta concentração de terras e com o profundo comprometimento do governo Lula com o financiamento do agronegócio, é a agricultura familiar quem coloca grande parte dos alimentos nas mesas dos brasileiros e também quem mais dá empregos, pois a cada 100 hectares, o latifúndio emprega duas pessoas e a agricultura familiar, 15”.
O slogan da campanha resume a relevância da participação nesse ato cidadão contra a desigualdade social brasileira: Ou o Brasil acaba com o latifúndio, ou o latifúndio acaba com o Brasil!
Participe deste plebiscito organizado pelos movimentos sociais e diga SIM para colocar limites em quem não tem.
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