Thursday, 7 October 2010

Textos curtos para Ítaca VII

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstancias, que sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.


No portão


Nenhum caminhão de cana nos matará.


Viveremos, sob o sol,


mesmo que não dances


nem com sanfoneiro


nem no casamento


nem por ordem do coronel.


Trocaremos todas as luzes por um único clarão.


Pois não te vejo quando as lâmpadas se acendem.


Só se é natural,


só se é abrasante, entre


cachos, tulipas, comandantes,


teorias construtivistas,


dialéticas materialistas,


eu primeiro, ao centro, ao léu.


“Saudaditu”,


e dos teus pronomes pessoais estranhamente precedidos de preposição.


Mas nenhum dos teus diminutivos


reduzirá a importância desse filme


no nosso parque que se chama Hernández


Minha paciência é teatro, tua calma é o céu


quando juras, urras, lacrimejas; incitas aos nômades, anuncias:


Tens nome de república.

2 comments:

ojos Fritos said...

Eu aprendo Português com seus poemas gordo! ;)

Mariana said...

Adoro seus poemas, todos.