Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstancias, que sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.
No portão
Nenhum caminhão de cana nos matará.
Viveremos, sob o sol,
mesmo que não dances
nem com sanfoneiro
nem no casamento
nem por ordem do coronel.
Trocaremos todas as luzes por um único clarão.
Pois não te vejo quando as lâmpadas se acendem.
Só se é natural,
só se é abrasante, entre
cachos, tulipas, comandantes,
teorias construtivistas,
dialéticas materialistas,
eu primeiro, ao centro, ao léu.
“Saudaditu”,
e dos teus pronomes pessoais estranhamente precedidos de preposição.
Mas nenhum dos teus diminutivos
reduzirá a importância desse filme
no nosso parque que se chama Hernández
Minha paciência é teatro, tua calma é o céu
quando juras, urras, lacrimejas; incitas aos nômades, anuncias:
Tens nome de república.
2 comments:
Eu aprendo Português com seus poemas gordo! ;)
Adoro seus poemas, todos.
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