Ok, não foi no primeiro turno. A verdade é que a tal “onda verde” (?) surpreendeu mesmo. Desde ortodoxos até cristãos novos.
Essencialmente, isso não muda o quadro. Dilma será a primeira mulher na presidência do Brasil. E tem quem ser. Não há como, sejamos sensatos, não votar na Dilma agora. Tudo o que o Brasil não precisa é de um retrocesso e de uma política exterior submissa que a “social-neoliberal-democracia” de Serra & Cia representariam – e executariam - se chegassem ao governo.
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Agora, antes sentar no Planalto no dia 1 de janeiro, Dilma terá que ter uma conversa de mulher pra mulher (coloco nesses termos apenas para destacar que essa é uma eleição feminina) com a Marina. Sim, a Marina é, como todos sabem, para utilizar uma expressão inglesa, a “king maker (neste caso, a “queen maker”). Os votos dos seus eleitores, agora postos entre aquela típica Cruz e Espada de segundo turno, definirão a eleição.
Houve uma subestimação do poder de voto da ex-ministra do Meio Ambiente, da ex-lutadora ecológica ao lado de Chico Mendes. Inclusive da minha parte, porque me parecia exagerado o medo dos petistas (vide várias analises na mídia de esquerda nos dias prévios da eleição) da aposta da grande imprensa em dar um gás para Marina como estratégia de levar a coisa pro segundo turno. Achei que o PV não tinha essa bola toda.
E não tem mesmo. Mas a estratégia tucana deu certo. Mas não por causa do PV e sim, obviamente da Marina. Sim - “petistas tremam” - foi a Marina quem bombou. E por isso não cola a tentativa de alguns analistas de “esquerda” de tentar vender a idéia de que a onda verde é produto do Partido Verde.
Ora, o editorial do Carta Maior de hoje, por exemplo, escrito por Vladimir Safatle, se passou:
"Wall Street" (o filme) foi feliz em descrever esta nova rearticulação entre agenda ecológica e mundo financeiro. Ela talvez nos explique um fenômeno político mundial que apareceu com toda força no Brasil: a transformação dos partidos verdes em novos partidos de centro e o abandono de suas antigas pautas de esquerda.
No Brasil, vimos a candidatura de Marina Silva impor-se como terceira via na política. Ela foi capaz de pegar um partido composto por personalidades do calibre de Zequinha Sarney e fazer acreditar que, com eles, um novo modo de fazer política está em vias de aparecer. Cobrando os outros candidatos por não ter um programa, ela conseguiu esconder que, de todos, seu programa era o economicamente mais liberal.”
Por favor... Quer me dizer agora que o fenômeno Marina é o resultado da suposta “onda verde mundial”?
Pra começo de conversa, resgatar a discussão sobre a “terceira via”, nessa altura do campeonato, é de lascar. Soa mais como uma tentativa de tentar esvaziar a importância e o êxito pessoal da Marina. E, falando sério, se a coisa vai desbandar pra esse nível, quem pode ser mais terceira via que o PT? Que partido de relevância hoje no espectro político, talvez até mundial, pode ser apontado como o mais próprio exemplo de transformação em direção ao centro senão o próprio PT? E (será que li bem?) há uma critica ao fato de que Zequinha Sarney está no PV? Mas até onde vai a cara de pau das pessoas... E o Collor não foi votar todo faceiro com um adesivo da Dilma? E a Executiva Nacional do PT não tocou o “foda-se” para a greve de fome do militante histórico Manoel da Conceição, no Maranhão, quando esse se indignou com a aliança goela abaixo nesse estado com a família Sarney?
Tá bem, o programa econômico do PV é liberal. Sim. E desde quando o programa do PV, na economia ou em qualquer outro setor, preocupa o PT? Resposta: desde quando uma personalidade aglutinadora e competente como a Marina decide chutar o pau da barraca e disputar a eleição presidencial!
A verdade: os petistas estavam com medo e seguem estando. Nem de longe a votação do PV se trata de onda ecológica no Brasil – as outras votações dos verdes foram inexpressivas. É um êxito pessoal da Marina e uma pedra no sapato do PT.
E que paradoxo! Marina poderia – talvez até deveria – ser a candidata do PT a presidência nestas eleições. Mas o Lulismo não tem limites e porque ela “saiu da linha”, no entendimento da cúpula do partido do Lula, digo, do PT, ela acabou indo fazer barulho em outros quintais, com alguma incorecencia, é verdade, (afinal, o PV sempre foi o PV...) mas conseguiu dar a Lula & Cia (sim, assim como Serra, Lula também tem sua companhia...) o seu recado.
E agora, quando a porca torce o rabo, começa o “chamamento a militância”. Agora vem todo o apelo emocional petista que de fato funcionava quando o PT não era apenas mais um (Alias, essa frase foi slogan do PT em um tempo perdido...). Agora vem Lula com todo o pau na campanha, vem comícios de massa, vem o discurso da “revolução democrática”, vem a tentativa de resgatar uma idéia do PT que está enraizada no imaginário popular mas que de fato já não existe. E vão fazer isso na cara-dura, sem escrúpulos.
Contudo, é a estratégia correta. Vou votar, como todo brasileiro de bom-senso, na Dilma. Em segundo turno não se brinca, e o presente e futuro do Brasil é coisa séria. É melhor um pássaro na mão do que dois voando...
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