Tuesday 16 October 2007

Destrua Atenas, construa Porto Alegre

(*por Evanthia Tselika)
(**traduzido do ingles por Aleksander Aguilar)
No periodo em que Porto Alegre mais uma vez sedia a Bienal de Artes do Mercosul, em sua setima edicao, a Grecia, pela primeira vez na longa historia de Atenas, inaugurou sua primeira Bienal de Arte Contemporanea no dia 11 de setembro e ambas encerram-se com um dia de diferenca, 17 e 18 de novembro, respectivamente. Muitos podem ficar perplexos com o fato de que no pais de nomes como Esquilo (um dos pais da dramaturgia), e dos arquitetos de Acropoles, Fidias e Ictinus, tenha realizado-se pela primeira vez o que tem sido uma tendencia estabelecida ha bastante tempo no mercado internacional de arte: uma Bienal.
A Bienal de Veneza (Venice Bienniale) eh uma das mais renomadas no mundo e tem ocorrido desde 1895. Nessa esteira, talvez atrasadamente, no lugar que tem sido nomeado como o berco da civilizacao ocidental, a capital grega sedia o evento sob o slogan Destroy Athens (Destrua Atenas) em Technotopos, uma area industrial da cidade proxima ao centro de Atenas. O espaco eh amplo e a entrada para a primeira instalacao, uma sala onde as paredes desmoranam-se, nao nos prepara propriamente para o labirinto que se segue. Mantendo muito dos temas prevalentes que aparecem atualmente no trabalho dos artistas europeus contemporaneous e perpassa ambientes em desmoronamento, a intervencao humana na destruicao da natureza e mesmo de outros seres humanos, questoes historicas, de memoria e de identidade.

A Bienal de Atenas seguiu as ideias que estao em voga no movimento internacional de praticas artisticas: trabalho local deve ser exposto mas de maneira que isso possa ser internacionalmente acessado. Atenas parece ser um lugar, de acordo com os organizadores, ideal para isso, ja que ela nao parece nunca coincidir com o incessante deslocamento de fronteiras entre o centro e a periferia, um fato que proporciona uma visao geral de ambas. Alem das bienais das duas cidades encerrarem-se na mesma data, ambas incluem artistas de todo o mundo que representam o sistema do mercado internacional de arte que permite a alguns artistas crescerem a um nivel global de visibilidade (embora exclua outros).

Na Bienal do Mercosul 2007 podem ser encontrados, por exemplo, obras do artista britanico Francis Alys. O trabalho de Alys eh focado no voyeurism urbano e pode ser encontrado em aclamadas instituicoes ao redor do mundo, incluindo a Tate Modern, a maior instituicao britanica de arte contemporanea, em Londres. Aris Marcopoulos eh um outro artista presente na Bienal de Porto Alegre cujo trabalho foca-se nos procedimentos urbanos, mas atraves de um angulo bastante diferente. Suas fotografias mostram a cultura do skate e do snowboard, do grafite e da juventude que acompanham esta nocao. O fotografo grego naturalizado holandes mostra os elos que sao criados por eventos como as duas bienais em diferentes pontos do globo, mas que conectam esses lados e criam dialogos que facilitam a criacao.

A globalizacao produz conexoes e beneficios que podem ser facilmente disputados dependendo de qual ponto vista assuma-se. Mas o instigar do dialogo que isso possibilita atraves do processo criativo eh um dos aspectos que desencadeia a producao de arte contemporanea. Assim, ainda que voce nao tenha conexao com o mundo das artes, participar desses dialogos internacionais que sao estabelecidos atraves das bienais ao redor do mundo eh uma chance de perceber que distancia e tempo tornam-se crescentemente condensados no mundo contemporaneo.
Evanhtia Tselika eh critica de arte, natural de Atenas, pos-graduada em Historia da Arte na Universidade de Londres e eh radicada na capital britanica.

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