* Traduçao livre feita por mim.
"Quem acredita no que hoje? Essa é uma questão muito mais complexa do que possa parecer.
O primeiro mito a ser abandonado é a idéia de que nos vivemos numa era de cinismo, onde ninguém acredita em nada, não há valores. E que havia outros tempos, mais tradicionais, onde as pessoas ainda acreditavam ou tinham uma substancial noção de crença, etc.
Eu acho que hoje é justamente quando nos acreditamos mais do que nunca. E como Fowler afirma numa interessante e irônica maneira (James Fowler - "Stages of Faith"), a principal forma de crer é a desconstrução.
Por que? Vou voltar àquela questao sobre (nao decifrei...Marx? Gouch Marx?Quotes in Marx?).
Veja como funciona a desconstrução na sua versão standard ou mesmo num texto sobre estilo. Não podemos encontrar um simples texto de Derrida sem:
a- (nao decifrei... Marx? Gouch Marx? Quotes in Marx?);
b- toda a retórica de distanciamento.
Tomemos um exemplo irônico. Se se perguntasse a alguém como Judith Butler: “O que é isso?” (apontando para uma garrafa de chá). Ela nunca diria, “Isso é uma garrafa de chá”.
Ela diria algo como: se nós aceitarmos a noção metafísica de linguagem identificando claramente objetos e tomando tudo isso em consideração então talvez isso sublinhe a hipótese de que – como ela gosta de dizer – dentro das condições dos nossos jogos de linguagem isso pode ser dito ser uma garrafa de chá.
Ou seja, há sempre essa necessidade de distanciamento.
Isso se aplica também ao amor. Quase ninguém hoje se atreve a dizer “eu te amo”. Isso tem que ser dito como: “ na medida em que eu poderia dizer eu te amo...”, ou algum tipo de distancia.
Mas qual é o problema aqui? Por que esse medo? Eu defendo que quando os antigos diziam diretamente “eu te amo”, eles queriam dizer exatamente a mesma coisa, todo esse distanciamento estava incluído. Somos nós hoje que temos medo de que se nos dissermos diretamente “eu te amo”, isso terá muito significado. Nós acreditamos nisso. "
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