Thursday, 28 April 2011

Sabiam que o rinoceronte dá um leite formidável? - a lingua e os comunistas-nacionalistas

  • Uma lei para regrar o uso de uma língua não serve para nada mais do que chamar a atenção para o autor da proposta através dos holofotes midiáticos que uma polêmica geralmente acende.


O deputado da Assembléia Legislativa do meu Rio Grande do Sul, Raul Carrion (PCdoB), inspirado pela proposta inócua que seu colega de partido na Câmara Federal, Aldo Rebelo, fez há mais de dez anos, resolveu entrar no barco dos nacionalistas linguísticos. Parece ser um meio de transporte que funciona bem, que chega rápido ao destino de criar falsas polêmicas e oportunidades de capitalizar em cima de falsos fatos políticos. Aliás, e infelizmente, os comunistas do PCdoB gostam muito dessa tática, haja vista que Rebelo também é pivô da polêmica do novo Código Florestal Brasileiro, e assim la nave va...


E os deputados gaúchos, linguisticamente mal assessorados, aprovaram por 26 votos a 24, na semana passada, o projeto de Carrion que estabelece a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa sempre que houver no idioma uma palavra ou expressão equivalente.


O companheiro-governador Tarso Genro tem 30 dias para sancionar ou vetar a lei e para tal decisão a Assessoria do Piratini disse que Tarso irá ouvir especialistas. Pois de fato se assim o faça nosso governador, que se manifestou contra a ridicularização do projeto de Carrion alegando que a França e o estado canadense de Quebec já tomaram medidas semelhantes, entenderá, porém, que as línguas não mudam nem para o bem nem para o mal, mas sim para atender as necessidades dos usuários da língua. Tentar reger um fenômeno lingüístico por lei é tão falacioso quanto querer legislar sobre a taxa de mutação do gene p53.



LINGUAS NÃO SÃO HOMOGENEAS – O BRASIL É MULTILINGUE


O primeiro problema detectado no PL concerne ao conceito de língua apresentado tanto por Carrion como por Rabelo. Eles acreditam que a língua portuguesa em uso no Brasil é um sistema homogêneo, passível de ser compreendida por qualquer cidadão em qualquer “rincão” do vasto território brasileiro.


Marcos Bagno, um linguista para ser ídolo, explica que o Brasil ocupa o quinto lugar entre os países de maior diversidade linguística do mundo!


São mais de duzentas línguas faladas em território nacional, entre línguas indígenas (a maioria), línguas de imigração (europeia e asiática), línguas afrobrasileiras e línguas crioulas (de base francesa, no Amapá).


Mas quem sabe disso? Quem fala sobre isso? Impregnados da máxima autoritária “um país, um povo, uma língua”, que remonta à formação dos estados nacionais no século XVIII, inclusive lingüisticamente ainda estamos muito atrasados com relação a outras democracias do mundo e até a nossos vizinhos - o Uruguai recentemente reconheceu português-uruguaio como patrimônio linguístico nacional (alguém aí sabia que existe um português uruguaio, falado por lá desde antes da independência deles e nossa?).


Numa tentativa de derrubar essa muralha ideológica, alguns linguistas (entre os pouquíssimos que consideram que sua profissão deve ter um mínimo impacto social e político) propuseram ao IBGE que incluísse no Censo 2010 uma pergunta sobre a língua que o entrevistado fala habitualmente em casa. O IBGE topou, a equipe formada levou um bom tempo formulando a pergunta de modo que ela não deixasse brechas para ambiguidades e contradições.


Mas no final o IBGE decidiu não incluir a pergunta linguística no Censo 2010. Razão alegada: o questionário já estava longo demais, era preciso cortar algumas perguntas…


Há um receio histórico de reconhecer que o Brasil é multilíngue, que a revelação dessa realidade teria implicações políticas e culturais profundas, como o reconhecimento dos direitos linguísticos dos falantes de línguas minoritárias, a necessidade de prover recursos para a educação bilíngue ou plurilíngue das áreas onde muitas línguas são usadas e outros investimentos.


ESTRANGEIRISMO NÃO DESCARACTERIZA


O renomado linguista José Luiz Fiorin, também refletindo sobre a questão, escreveu artigo no qual ele reafirma que a língua não é homogênea como pregam os comunistas-nacionalistas.


Mesmo assim, Fiorin mostra porque os supostos prejuízos que o uso de estrangeirismos podem causar a língua são falaciosos. “qualquer pessoa é capaz de aprender qualquer setor do vocabulário, se ele tiver algum sentido para ela”, ou seja, basta que o estrangeirismo faça (ou venha a fazer) parte do universo de referência do usuário da língua, como por exemplo, os termos de origem inglesa que compõem o vocabulário do mundo do futebol córner, pênalti, off-side etc..


Um idioma se caracteriza por uma gramática e por um fundo léxico comum. Se em nenhum dos dois casos o estrangeirismo afetar a base estrutural da língua não haverá descaracterização do idioma. Como, de acordo com Fiorin, em nenhum dos dois casos os estrangeirismos podem ameaçar os elementos que caracterizam o idioma português em uso no Brasil: porque é a gramática que sistematiza as pronúncias dos empréstimos estrangeiros, por meio de elementos fonológicos usados em conformidade com a morfologia e a sintaxe da língua portuguesa: Por exemplo: “O Office-boy flertava com a baby-sitter no hall do shopping Center.” O arcabouço da lingua está intacto nesta frase.


Através da história, sempre que uma língua influencia outra os discursos nacionalistas surgem tentando prever uma situação apocalíptica geradas por tais empréstimos. Nestes discursos não é verificado que as línguas mudam. Desta forma os estrangeirismos não representam o fim de uma língua, tampouco a desnacionalização ou o empobrecimento da língua que recebe o empréstimo. O processo é justamente o contrário, tal invasão de estrangeirismo, no caso da língua portuguesa, não empobrece, mas enriquece ao incorporar termos que não são previstos em seu léxico.


PURISMO É CONSERVADORISMO


Além disso o inglês não é o único idioma a “abusar” do povo brasileiro, como sugere o ilustre deputado. Também o latim e o francês tiveram influência decisiva, mas, principalmente o próprio português causou danos irreversíveis à cultura brasileira, extinguindo, por exemplo, mais de mil das línguas indígenas que foram faladas no Brasil, por meio de uma lei – imposta por Pombal.


O “esforço” de proteger a língua portuguesa mantendo-a pura de influências externas remete para outro problema. Este tipo de lei que vê no elemento estrangeiro uma ameaça à identidade nacional, traz subentendida a idéia de que se pretenda defender, também, uma só língua, a língua de poder, sob controle da classe dominante. Neste sentido, supõe-se que, por coerência, queiram mantê-la pura também dos ataques e influências internas, das variedades não-prestigiosas da língua, faladas pelos que não têm poder, que não escrevem e não consomem.


Como afirma Fiorin, ideologicamente, o deputado Aldo Rebelo e agora Raul Carrion, aproximam-se muito, em seu discurso, de setores da direita, conservadoristas, como é o caso do gramático Napoleão Mendes Almeida, que acreditava que aqui no Brasil se falava uma variante imprecisa e incorreta da língua portuguesa,acrescida de mestiçagem de falares indígenas e africanos, que corromperam a língua vernácula.


  • Segundo outro grande lingüista, Sírio Possenti, esse tipo de legislação cria possibilidades de preconceito lingüístico ao proibir o uso de termos estrangeiros como os provocados por Getúlio Vargas sobre as comunidades imigrantes do Sul do Brasil, durante a Grande Guerra. E essa imposição conservadora que extingue línguas e elitiza uma variação determinando como erradas e incultas as outras variações do idioma, é o conservadorismo do qual está pautado o PL de Carrion aprovado na Assembléia gaúcha.

Tuesday, 26 April 2011

MLST conquista nova vitória em Pernambuco







MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DOS SEM TERRA

UNIÃO DA FAZENDA DOS TRABALHADORES COM O MLST JÁ CONQUISTOU INDENIZAÇÃO PARA 253 FAMÍLIAS


Ontem (25/04) foi dia de festa para o povo de Ipojuca porque mais 82 famílias da Fazenda dos Trabalhadores estão sendo homologadas pelo Fórum da cidade para serem indenizadas por SUAPE.


Com essas homologações o número de famílias da Fazenda dos Trabalhadores levadas pelo MLST para serem indenizadas por SUAPE GLOBAL chega a 253. O SUAPE GLOBAL é o complexo portuário industrial de Pernambuco que tem recebido investimentos bilionários nos últimos anos e se tornou um dos principais motores de desenvolvimento econômico do Nordeste brasileiro.


A luta do MLST e da Fazenda dos Trabalhadores se iniciou em 2008 quando foi construida uma agenda de propostas para solucionar com dignidade e autonomia econômica o problema da realocacao dos moradores da área que ocupam a regiao há mais de 20 anos.



O MLST acredita no fortalecimento das organizações sociais dos trabalhadores(as), no controle social para a construção da Cidadania Popular e na governabilidade transformadora do Brasil.


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O MLST declara:


1. Que vai continuar ajudando todas as famílias da Fazenda dos Trabalhadores que ainda não foram indenizadas marcando o agendamento e organizando as listas dos que vão procurar SUAPE sobre homologação.


2. Que não recebeu nem receberá um centavo das famílias que levou para serem indenizadas. O MLST não cobra comissões e alerta todas as famílias que estão sendo homologadas a não pagarem nada as pessoas que apareçam dizendo tê-las ajudado a ser indenizadas. Essa foi uma conquista política do MLST e de seus militantes e não vão receber dinheiro por isso.


3. Que convida todas as famílias que foram ou vão ser homologadas e indenizadas por SUAPE a continuar a luta pela Reforma Agrária do Século XXI porque a indenização é apenas um passo dessa luta.


4. Que esta luta não se encerra aqui, mas se torna ainda mais forte agora: a continuidade da luta pela Reforma Agrária do Século XXI, depois das famílias serem indenizadas por SUAPE, está sendo organizado pelo MLST, com reuniões, palestras e seminários. As famílias da Fazenda dos Trabalhadores são parte dos lutadores do MLST.


5. Que essas atividades promovidas pelo MLST visam organizar e conscientizar essas famílias, preparando-as para os novos projetos que estamos debatendo e construindo nos próximos meses, como:

a) Centro de Excelência no Engenho Arandepe;

b) Assentamento de Reforma Agrária no município de Moreno;

c) Piscicultura no Engenho Tabatinga;

d) Projeto Produtivo Agroecológico na área da Sabiazeira;

e) Conjunto Habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida.


Coordenação do MLST de Ipojuca - - MLST nossa luta é pra vencer!





Sunday, 24 April 2011

CrimethInc: ex-trabalhador é pra quem pode


Porque acredito que a livre circulação de idéias é essencial para um projeto de transformação social emancipatório, comparto as curiosas e polêmicas posições da CrimethInc, grande representação dos coletivos anarquistas contemporâneos (pós-moderno?), numa entrevista que me chegou via email muito bem recomendada por uma fonte plenamente idônea (!) sobre o mais recente livro do grupo: Work.


Esta é a tradução em português de uma entrevista concedida ao periódico sueco Brand e que está disponível no site do coletivo brasileiro Você tem que desistir.


A CrimeethInc está em São Paulo em atividades referentes ao lançamento da publicação até o dia 8 de maio.


O tema da entrevista: trabalho (ou não...) o desafio de combater o capitalismo fora de sua economia e a polêmicas em torno do termo ”Ex-trabalhadores”.


O que é o trabalho para vocês e por que deixaram isso para trás?


Não é bem isso de que todo mundo envolvido na CrimethInc abandonou para sempre o trabalho. Na verdade tentamos focar no que conseguimos fazer para além do nosso papel como trabalhadoras numa economia capitalista.


Nos identificarmos como ex-trabalhadores é um modo de enfatizar que queremos que nossas vidas girem em torno do que fazemos livremente fora de um trabalho assalariado e da competição capitalista.


No reino da ideologia capitalista, há quem se identifica com seu papel como trabalhador ou trabalhadora – e medem seu valor de acordo com o que produzem e com o que lucram, assim com a economia faz. Hoje, provavelmente, há mais trabalhadores que não se identificam com seus empregos do que o contrário. Para essas pessoas é óbvio que elas estão trabalhando porque são forçadas a juntar dinheiro pra pagar suas contas. Suas “vidas reais” estão em outro lugar – no lazer e no consumo por exemplo. Então, se identificar com aspectos anti-trabalho da vida não necessariamente faz deles revolucionários. Nos denominar ex-trabalhadores é também um desafio para nós e para outras ao realizar o máximo de nosso potencial fora da economia monetária agora mesmo, no sentido de combater essa economia. (…) Talvez você possa dizer que “ex-trabalhadores” estão tentando atingir uma greve permanente, para conquistar seus meios de produção na forma de nosso próprio tempo e energia, como um passo em direção a uma greve generalizada.


Se seguirmos isso que você disse, parece que seu entendimento de trabalho é fortemente ligado o sistema de trabalho assalariado. Obviamente, muitas pessoas são dependentes desse sistema, do contrário não teriam como se sustentar, pagar suas contas, não alimentariam suas famílias. O que vocês pensam que essas pessoas deviam fazer em tal situação?


Espero que esteja claro que vemos a renúncia ao trabalho como uma abordagem estratégica para aqueles que conseguem lançar mão dela e não com prova de fogo pra ver quem é realmente radical. O ponto é simplesmente que na medida que as pessoas conseguem buscar seu potencial fora da economia monetária, isso pode ser um ponto de partida para uma resistência anti-capitalista. Não é o único ponto de partida e não está disponível para todo mundo – não da mesma forma ou no mesmo nível.


Vocês estão familiarizados com a crítica de que a postura da CrimethInc de ex ou não trabalhadoras pode ser funcional apenas para jovens e saudáveis indivíduos com poucas responsabilidades, talvez especificamente garotas e garotos brancos de classe média que tem seus privilégios pela cor e pela classe de desistir e voltar pra casa. O que pensam sobre isso?


Renunciar ao trabalho é uma estratégia que toma diferentes formas táticas em diferentes situações. Claro que táticas específicas são mais adequadas a pessoas em umas situações do que em outras. Não estamos dizendo que mães solteiras que se escravizam lavando chão para alimentar seu filho devam largar seu emprego e viver na rua, mas dizemos que anarquistas que conseguem alguma renda razoável em algum emprego deveriam considerar diminuir sua carga horária de trabalho e participar de programas de assistência a crianças de graça.


Não estamos dizendo que um americano afrodescendente que nos EUA está sempre vigiado por seguranças e policiais racistas deva roubar (apesar de muitos já terem que fazer isso para comer), mas estamos dizendo que aqueles jovens brancos que conseguem roubar facilmente em um supermercado podem fazer isso como uma fonte de recursos para projetos coletivos ajudariam várias pessoas a comer.


Não estamos dizendo que “liberdade” significa punks de classe média saindo da escola pra pegar carona pelo mundo pra em alguns anos depois arranjar um um emprego bem pago numa ONG. Estamos dizendo que ninguém é realmente livre até que todas possamos tomar decisões baseadas em desejos e não em necessidades econômicas. E o primeiro passo em direção à verdadeira liberdade é para nós se comprometer com uma resistência vitalícia… venha ou não ela acompanhada de um salário.


Anarquistas trabalhadores ou da classe média nos EUA ou na Suécia deveriam ser honestos a respeito de seus privilégios: temos acesso a recursos e oportunidades que outros no globo não tem e devemos, em respeito a eles e a nós mesmas, usar esse privilégios para o benefício de todas. Isso significa perder menos tempo trabalhando para juntar dinheiro para nosso próprios benefício e mais tempo lutando contra o capitalismo com unhas e dentes. A maior parte dos que participam em tempo integral dos projetos da CrimethInc outras atividades anti-capitalistas não tem conta em banco, seguro, aposentadoria, roupas da moda e às vezes tem de roubar e confabular para comer a cada refeição. Muitos dos nossos críticos são muito mais bem sucedidos – financeiramente falando.


E sobre a ética ex-trabalhadora no contexto de comunidades onde o desemprego é crescente: muitas comunidades negras nos EUA, regiões inteiras do Leste Europeu e vastas áreas do “Terceiro Mundo”? Normalmente, a falta de emprego é vista como um problema sério nessas comunidades. Alguns ativistas acusam a CrimethInc. de “cinismo” com relação a essa situação (…).


Intelectuais a serviço do livre mercado defendem a exploração coorporativa do “terceiro mundo” e dos guetos americanos dizendo que esses exploradores estão “criando empregos” que são desesperadamente necessários. Mas é claro que, uma vez, há muito tempo atrás, bem antes da colonização européia, os acestrais desses “empregados” em potencial tinham acesso aos recursos que os cercam sem ter que negociar suas vidas pela escravidão assalariada.


Pessoas nos campos do México ou do Brasil não precisam tanto de emprego numa corporação quanto precisam de reforma agrária. Falta de trabalho assalariado só é um problema quando associada à dominação capitalista. Lutar por empregos para todas ao invés de lutar pela abolição do capitalismo é o maior cinismo de todos.


Vocês poderiam terminar dando-nos alguns exemplos do que “ex-trbalhadores” fazem além de publicar livros e organizar protestos e convergências?


Na comunidade em que vivemos, uma cidade com menos de 15 mil pessoas, mantemos uma série de programas voltados para essa comunidade, que não conseguiríamos manter se tivéssemos um emprego de tempo integral. Operamos uma mercearia de distribuição gratuita em dois bairros de baixa renda e às vezes fazemos um programa para fornecer café da manhã a trabalhadores imigrantes também. Pegamos a comida para isso tudo de reaproveitamentos e também de trabalhadores que nos apóiam – outro motivo para cultivar conexões entre trabalhadores e ex-trabalhadores e popularizar o roubo anti-corporativo. Todo mês ajudamos no Really Really Free Market (Mercado Realmente Livre), onde centenas de pessoas da região se juntam para dar e ganhar coisas e recursos sem qualquer troca monetária. Mantemos um programa de enviar livros a prisioneiros, já que as condições das prisões americanas são péssimas e os internos não tem acesso a literatura. Rodamos uma distribuição gratuita de zines com cerca de 6000 cópias que produzimos através de roubos e outras trapaças para distribuir em eventos públicos. Há também redes para prover cuidados médicos a pessoas que não podem pagar, especialmente mulheres. E claro, temos jardins, bandas, grupos de estudos, internvenções, grafiti e grandes festas.


Esse são alguns exemplos do que nos focamos em nosso tempo livre que conseguimos fora da economia de mercado. Nos EUA, diferentemente da Suécia, não há nenhum fundo do governo ou programas para projetos sociais ou culturais. Então temos que fazer essas coisas por nós mesmas. Talvez seja mais saudável, porque significa que nunca nos seduzirão a fazer coisas por nos pagarão mais. Às vezes alguns de nós são presos por roubar, mas nós nos apoiamos e isso não é tão grave como as longas sentenças que algumas camaradas cumprem por ações diretas.


Se alguém tiver mais questões, escreva para hello@crimethinc.com.

Friday, 22 April 2011

Vía Crucis de inmigrantes: Viernes Santo de muerte en la frontera



  • Los inmigrantes escenifican un Vía Crucis en la frontera entre México y Guatemala, para denunciar los problemas a los que se enfrentan en su recorrido a Norteamérica, el "calvario" que a diario sufren los indocumentados que cruzan el país arriesgándose a ser víctimas del crimen organizado y las autoridades corruptas.

"Lo que va a hacer el vía crucis es poner un espejo de lo que está pasando con los migrantes y lo vamos a hacer en vivo, para recordar todos esos hechos que hemos estado viviendo; no hay más que el calvario de Jesús en la persona del migrante", dijo el sacerdote católico Alejandro Solalinde.

La primera estación del Vía Crucis se celebró hoy en Tecun Uman (Guatemala), donde cuatro activistas y una decena de migrantes cruzaron el río Suchiate para realizar ya en suelo mexicano la segunda estación.

Los participantes, convocados por varias ONG y que aumentan a medida que avanzan, viajaron a pie y en camioneta hasta La Arrocera, un paraje del municipio de Huixtla donde se han registrado casos de abusos de los migrantes que se dirigen hacia el norte de México para cruzar a Estados Unidos.

Cada estación de las que forman el recorrido tiene un motivo relacionado con la inmigración: en la primera caída de Cristo, por ejemplo, se recordará la trata de personas y sus horrores.

También hubo tres estaciones más, una dedicada a los albergues solidarios, otra que evocará "La Bestia", como se conoce el tren que recorre México de sur a norte con los indocumentados encaramados a él, y una más que recordará a los despojados, en Juchitán, ya en el estado de Oaxaca.

Hoy, en el Viernes Santo, el tramo final de la actividad estará dedicado a las madres de los que emigran, incansables buscadoras de aquellos que desaparecen, a los cementerios, secuestros y masacres, especialmente la de 72 centroamericanos y sudamericanos ocurrida en agosto pasado en el estado nororiental de Tamaulipas.

Para Marta Sánchez Soler, impulsora de la iniciativa y representante del Movimiento Migrante Mesoamericano, el vía crucis permite en plena Semana Santa recordar tragedias como la matanza de 145 personas, cuyos cuerpos fueron hallados en varias fosas este mismo mes en Tamaulipas, atribuida al grupo criminal de Los Zetas.

El vía crucis culminará con una última estación inspirada en la Resurrección de Jesucristo, que busca presentar a los inmigrantes como gente que aporta e innova.

LA MUERTE EN LA FRONTERA

Datos oficiales señalan que cada año unos 300.000 indocumentados, en su mayoría centroamericanos, cruzan por los 1.000 kilómetros de frontera que comparte México con Guatemala y Belice para tratar de llegar a Estados Unidos.

Y las muertes siguen en aumento en la frontera entre México y Estados. El número de inmigrantes muertos a lo largo de la extensa frontera de 3,219 kilómetros entre México y Estados Unidos, aumentó en un 7 por ciento entre el 1 de octubre y el 31 de marzo.

En total, los restos de 128 personas fueron hallados, en comparación con los 120 que se encontraron en el mismo periodo de seis meses en el año previo, según estadísticas recién reveladas por la Patrulla Fronteriza. Los grupos defensores de los derechos de los migrantes dicen que existe una correlación directa entre el número de muertes y una intensificación de la vigilancia fronteriza entre México y Estados Unidos.

Thursday, 21 April 2011

Textos curtos para Ítaca XVI

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstâncias que, sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.


Ar(r)estas


queria te mandar uma rosa

daquelas que a gente pega no campo,

as mais simples, desencontros,

que até sem saber eu sei

que toda vez que esbarro no teu nome,

de alguma maneira, não sei lidar como, não sei dizer a quem,

a história enfeito, relâmpago,

despejo intrépido e dormente,

sincopado, incrédulo, galopante,

e, em resumo, vem.

Tuesday, 19 April 2011

Só mais um toquezinho de música

Ok, pra acabar com os posts musicais desta semana, (só desta semana...) motivados pelo revigorante Abril Pro Rock no finde, comparto mais alguns vídeos de uma grande descoberta, pra mim, do Festival: Karina Buhr.


Atirem-me a primeira pedra, mas admito que não sou um grande admirador do trabalho da maioria das cantoras da MPB, incluindo diferentes estilos e gêneros. Não sei, me parece que são repetitivas, pouco originais, chatas.


Na minha humilde e abusada opinião, mesmo entre os grandes nomes, poucas se escapam; o destaque, claro, é para aquelas que estão além da polêmica como Elis Regina, Nara Leão e Gal Costa (se você não gosta delas, algo vai errado contigo amig@...).


Mas depois, entre toda uma geração dos 90, e dos 2000, quem entra com originalidade, dando prazer aos nossos ouvidos cansados das melodiazinhas e letrinhas eu diria que são Marisa Monte (obviamente!), Céu, Monica Salmaso, Mart´nália, e, agora, Karina Buhr. Inovação, vigor, excentricidades, energia, performance, ouça por você mesmo!


Eu vi Arnaldo Antunes ao vivo no Abril Pro Rock

. E continuo tão como sempre!


Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender


Sunday, 17 April 2011

Arnaldo Antunes em Recife!

Quem me conhece sabe que eu “pago pau” mesmo para Arnaldo Antunes. Sou fã do cara desde a época de Titãs, escrevi minha dissertação de conclusão da faculdade de Letras sobre um livro dele, fiquei empolgado só com a oportunidade de quase o entrevistar ano passado em Londres.


Foi lá que o vi ao vivo pela primeira vez, mas não num show de música, senão numa performance poética, quando ele participou do London Literature Festival.


Hoje, daqui a pouquinho, aqui em Recife, vou ver seu show pela primeira vez. E num festival icônico o Abril Pro Rock. Na mesma noite, Eddie, Skatalites, Karina Buhr e outros também bons. Também bons, mas não igualmente bons, afinal, “Arnaldo é muitas televisões ligadas simultaneamente em canais inteligentes”:


Arnaldo realiza de certa forma o sonho de Leminski: colocar a poesia em uma aventura de massas. O poeta curitibano acreditava que a via para tanto era a trilha da música popular. Arnaldo é prazer e fruição, é acessível e difícil, caprichos & relaxos, construção e descontração, rigor e vigor. (“Desce do trono, Rainha/ Desce do seu pedestal/ De que te vale a riqueza, sozinha/ Enquanto é carnaval?”). O poeta não quer ficar confinado na torre de marfim. Arnaldo é o beneditino que escreve no aconchego do claustro mas que pula o carnaval em que ninguém é de ninguém. Dá pão às massas mas reserva sutilezas aos paladares finos. Para os que estão acostumados com o angu do vulgo, não sobra nada. Tem para todo mundo, mas não tem para qualquer um! (trecho de texto de Paulo César de Carvalho)




Saturday, 16 April 2011

Fin de la Ley de Caducidad de Uruguay – más una dictadura hacia el banquillo de reo

En el pasado miércoles los senadores uruguayos derogaron la Ley de Caducidad que permitió por décadas la amnistía de represores acusados de delitos de lesa humanidad durante la última dictadura militar (1973-1985).


  • 'Es una ley manifiestamente incompatible con las convenciones internacionales'
  • La Justicia uruguaya ya ha procesado a más de 20 militares por crímenes durante la dictadura
  • En mayo del 2009, la ONU solicitó la anulación de la Ley de Caducidad


La polémica norma fue enviada para su ratificación, en el inicio de mayo, ante la Cámara de Diputados, que también debe aprobar la derogación y permitir el inicio de decenas de juicios reclamados por organizaciones de derechos humanos.


El proyecto de ley interpretativo fue una iniciativa de la coalición de izquierda, Frente Amplio, que busca dejar sin efecto tres artículos de la Ley de Caducidad aprobada por el Parlamento en 1986.


El intenso debate por la ilegitimidad de la Ley de la Pretensión Punitiva del Estado, conocida como Ley de Caducidad, se reflejó en la ajustada votación de 16 votos a favor y 15 en contra que tuvo en el Senado tras 12 horas de discusión.


El debate dividió al gobernante Frente Amplio, el bloque izquierdista que impulsó la llegada al poder del presidente José Mujica, un ex guerrillero, también aprisionado y torturado durante la dictadura.


La Ley no pudo ser derogada mediante dos plebiscitos realizados en 1989 y 2009.


Luego, las opiniones de centro-derecha del país ya están apresuradas en afirmar que “la ciudadanía mayoritariamente se sintió desautorizada y con el sentimiento de que el país deberá soportar horas muy severas de desbordes y divisiones”


Por esto, dos senadores gubernistas polemizaron: Fernández Huidobro votó a favor por obediencia al Frente Amplio, pero luego renunció a la bancada oficialista. En tanto que el senador Jorge Saravia fue el único legislador del partido gobernante que votó en contra en el pleno.


Pero la Justicia uruguaya procesó a más de 20 militares por crímenes cometidos durante la dictadura, entre los que se encuentran el ex dictador Juan María Bordaberry y el entonces comandante del Ejército Gregorio Alvarez.


En mayo del 2009, la ONU solicitó la anulación de la Ley de Caducidad. En enero de este año, la Comisión Interamericana de Derechos Humanos falló contra el Estado uruguayo por la desaparición forzada de María Claudia García de Gelman.


La Ley de Amnistía brasileña, y salvadoreña, siguen vigentes, impidiendo investigaciones de los crímenes de tortura y desaparecimientos por motivaciones políticas durante la dictadura militar y la guerra civil.

Friday, 15 April 2011

Camila ya va a cumplir un año y medio




Y pronto ya no será mi "sobrina única". El varón Aguilar Burgos llega este año!

Monday, 11 April 2011

Impunidad en El Salvador: El grito de Ávila

“La situación de la violencia, de la corrupción, de la delincuencia y de la credibilidad en la justicia salvadoreña deriva precisamente de que hemos querido en El Salvador IMPONER mecanismos, y sistemas teóricos que funcionan bien, pero en otros países, o aun peor, que no funcionan en lugar alguno.”


En este brillante tipo de razonamiento el ex director de la Policía Nacional Salvadoreña (PNC) y candidato derrotado a la presidencia de la Republica, Rodrigo Ávila, basa su argumentación para oponerse a la creación en El Salvador de una Comisión Internacional Investigadora del Crimen Organizado, al estilo de la Comisión Internacional contra la Impunidad en Guatemala (Cicig).


El miedo de la derecha salvadoreña de que sean reveladas sus involucraciones en el estado deprimente de algunas de las instituciones del país es casi patético. O no, ya que, al fin y al cabo, esta reacción seria un mecanismo de defensa. Está construido sobre el esfuerzo de tejer argumentos que son como mínimos cuestionables y que, desvergonzadamente, estos sectores nacionales han estado intentando hacer reverberar a través de entrevistas en los medios de comunicación – y lo logran, siempre con el apoyo descarado del monopolio de los intereses de los “poderosos” de El Salvador.



Parece muy claro que uno de los principales temores de los grupos políticos que Ávila representa es que con la creación de esta comisión se quiera, en sus propias palabras, “comenzar con un tema eminentemente político y revivir situaciones políticas”. Es decir, anteviendo, por puro miedo y sin fundamento concreto, que los temas de la guerra de los años 80 aparezcan en una investigación internacional, la derecha desespera y ya empieza a gritar.


La experiencia regional


El presidente Mauricio Funes presentó la idea de crear la Comisión ante la Asamblea General de las Naciones Unidas en septiembre del año pasado. Basado en la experiencia guatemalteca, Funes planteó la necesidad de valerse de la cooperación internacional en la lucha regional contra el crimen organizado que complemente los esfuerzos que ya realizan la Policía y la Fiscalía. Un borrador técnico debe ser concluido hasta el próximo mes. “Estoy creando una comisión que no está investida de poderes especiales sino que de un respaldo especial porque es asesorada por Naciones Unidas y por gobiernos que cooperaron en la creación de una comisión similar en Guatemala”, dijo Funes.


En un comentario de aclaraciones legales, las cuales no deberían ser necesarias si el nivel del debate sobre el tema no fuera tan rebajado, vale mencionar que la Comisión no tendrá carácter vinculante para la justicia salvadoreña, sino lo de promover resultados que la Fiscalía y el Ministerio Publico podrán, o no, tomar en cuenta para abrir un expediente y presentar incriminaciones ante los tribunales nacionales.


Las Naciones Unidas y el Gobierno de Guatemala firmaron el acuerdo relativo a la creación de la Cicig, a finales de 2006, el cual, tras la opinión consultiva favorable de la Corte de Constitucionalidad en Mayo de 2007, fue ratificado posteriormente por el Congreso de la República en agosto del mismo año.


La Cicig es un órgano independiente de carácter internacional, cuya finalidad es apoyar al Ministerio Publico, la Policía Nacional Civil y a otras instituciones del Estado tanto en la investigación de los delitos cometidos por integrantes de los cuerpos ilegales de seguridad y aparatos clandestinos de seguridad, como en general en las acciones que tiendan al desmantelamiento de estos grupos.


En El Salvador, el plan nace de la necesidad de contar con una institución que esté a la altura de las circunstancias, dado que en el país, aparte de haber sido el país más violento de América en los últimos cinco o seis años, enfrenta el embate del crimen organizado. Como prueba de la necesidad de una articulación internacional independiente está el hecho de que cuando le llegó el turno de mostrar sus resultados en la lucha contra el crimen organizado, el Fiscal General de El Salvador, Romeo Barahona, solo pudo exponer la desarticulación de una clica.


Pero, aún así, este mismo señor se declaró contrario a la creación en el país de un organismo similar a la Cicig y habla en intentar impugnarla legalmente. Barahona también ya había se negado a recibir a una misión de la ONU que estuvo en El Salvador para discutir las posibilidades de creación de la comisión internacional. El Fiscal afirma, al igual que Ávila, que el tema sería inconstitucional, y se dice preocupado con el riesgo de “instalar organismos y juicios paralelos que pueden menoscabar la inconstitucionalidad del país” y opina que la realidad salvadoreña es muy diferente a la guatemalteca.


Pero que el tema de seguridad, violencia y corrupción en Centroamérica es cada vez mas regionalizado y demanda acciones regionales no es novedad, y experiencias en los países del istmo deben ser compartidas – incluso es en esta base que todos aplauden las inversiones de los Estados Unidos “contra el narcotráfico” en la región. Además levantar una presunta inconstitucionalidad para la creación de una comisión investigadora internacional no es coherente con la existencia de otras comisiones establecidas en el pasado, como la Comisión de la Verdad o la que investigó los escuadrones de la muerte, el Grupo Conjunto.


Una Comisión Internacional contra la impunidad no es solo una oportunidad para El Salvador tratar con seriedad el problema del crimen y corrupción en el país, sino contribuir ejemplarmente para la interiorización del Derecho Internacional - una lección que tantos países necesitan aprender. No debe ser desperdiciada por cuento de los miedos de los sectores que tendrán sus intereses revelados y se esfuerzan en conformar un ambiente de intimidación. La cooperación internacional debe estar atenta, denunciante y actuante.