Os dias de chuva durante toda essa ultima semana são precisamente aqueles que conformam o período singular no qual as duas cidades que mais conheço no mundo, de uma maneira estrambólica, quase forçada, realmente encontram alguma coincidência. Londres e Pelotas vivem os dias em que sairão das estações opostas em direção a estações medias.
Naquele cruzamento que antecede a partida do verão para a primeira e a do inverno para a segunda, em algum momento espaço-tempo entre a primavera e o outono, minhas realidades e passados, tão entremesclados como tais, se visitam sob o mesmo gris, vento, e persistente chuviscar que abaixo da Linha do Equador limpa os céus para a chegada do calor, mas no Hemisfério Norte anuncia o clássico paradoxo do começo do fim.
Aqui, o estalar daquelas famosas folhas secas nas calçadas já começa a inundar o ambiente dos transeuntes. A luz e a temperatura amena vão se despedindo. Há poucas semanas anoitecia às 21h, logo 20h, e hoje o sol já se foi quando eram 19h30. Logo estaremos como é o “normal” de se escurecer lá pelos pampas - no máximo ás18h - e em novembro lamentaremos pelos dias que terminam às 16h, às vezes 15h30.
Em Pelotas o tempo começa a firmar. O inverno do extremo sul é frio, mas dura o tempo suficiente para que se encontre charme e algum sabor na melancolia das sacolas plásticas vazias em revoadas circulares pelo gris. Logo volta o brilho.
Em Londres tento adaptar meus horários e compromissos nesse período de flexibilidade conforme o humor da luz solar. Corro por aquele raio que esteve persistentemente ali por mais de meia hora pra dar a entender que não se manterá por muito mais. Aproveito tudo o que se possa das exceções dos mais de 250 dias anuais cinzentos e de chuva. A noite vem chegando.
Algo começa por lá. Algo termina aqui.
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