Friday 10 August 2007

Rubéola lá, Aftosa aqui


De bermuda, mas com os pés gelados. Parece que há mesmo semelhanças entre Londres e Pelotas. Não que isso seja novidade. Ao menos não o é para o pelotense modus vivendis que, ao fim e ao cabo, adora comparar a umidade do pantâno(!) do sul com a da babilônia da rainha, adora associar a murrinha de inverno com o tal do fog, adora pensar que já sabe tudo isso. Que já sabe tudo, aliás...
Este ano temos um mês de verão, apenas. Agosto, até agora, tem mantido-se com sol. Claro que nubla por vezes ao longo do dia. Claro que é preciso levar um casaquinho na mochila para o final da tarde. Claro que, dado isso, não se pode chamar o período propriamente de verão, mas há um azul no céu. Então há luz, mas não há calor. E assim, como em inicios de outuno pelotense, veste-se meias com bermuda (ao menos em casa) mas as semelhanças não terminam por ai.

Como Pelotas e Londres coincidem
Há duas epidemias ocorrendo simultaneamente em cada uma das pontas do açude Atlântico. Pelotas vacina – e hoje é o último dia – pessoas para evitar a rubéola e a Inglaterra sacrifica – e hoje foi descoberto um possível novo foco – vacas para evitar a aftosa. Que coincidência!
Na aftosa, o animal afetado apresenta febre que diminui em menos de uma semana, olhos lacrimejantes e lesões nas mucosas e pele.
Na rubéola, o animal afetado apresenta febre que diminui em menos de uma semana, vermelhidão nos olhos e manchas na pele que iniciam no rosto e evoluem até os pés.
Aftosa em inglês chama-se foot and mouth (pé e boca) e as manchas características da rubéola, como mencionado, evoluem da boca para os pés. Que coincidência!
Mato ou vacino?
O que não coincide são as atitudes diante da situação. Na semana passada, tão logo a suspeita de um foco de aftosa numa fazenda perto da cidade de Normandy, a 50 km de Londres, foi apontada, um plano emergencial foi imediatamente inicidado pelas autoridades britânicas. Proibiu-se os deslocamentos de gado e porcos em todo o território do Reino Unido e se estabeleceu uma área de controle de três quilômetros e uma zona de vigilância de dez quilômetros. Até agora, 576 animais foram sacrificados.
Já em Pelotas, ainda que os indícios de uma epidemia de rubéola tenham se manifestado em maio, foi somente no dia quatro de agosto que o governo de lá iniciou uma campanha de vacinação para evitar que o virus atinja mais do que as 107 pessoas já contaminadas.
Além disso, rubéola mata animal humano, febre aftosa não. Rubéola é, literalmente, doença de criança e por isso mesmo perigosa para grávidas que quando infectadas, transmitem o vírus para o feto e estão sujeitas a um alto risco de aborto. A aftosa não produz impacto direto na saúde pública. O consumo de carne contaminada pela doença praticamente não traz risco à saúde humana, porém afeta bolsos. O pessoal do Sindicato da Indústria de Carnes do Rio Grande do Sul já tinha ficado todo animadinho com um possível aumento da importação da carne brasileira pela Europa, mas a Comissão Européia já disse que não, embora a Rússia tenha confirmado que comprará carne do Brasil. (leia noticia aqui)
Por fim, uma outra coincidência, é que a aftosa não afeta eqüídeos. Logo, ainda que, respectivamente aqui e lá, matem-se vacas e vacinem-se gente, o que sobra mesmo (de novo, respectivamente, aqui e lá) são cavalos, asnos e mulas!



1 comment:

luisa said...

huahuahauha.
Adorei o primeiro parágrafo...o pessoal sai de pelotas mas a pelotisse nao sai de ninguééémm!! hehhehe