Monday, 29 November 2010

Iraque: guerra por fora, queima por dentro

O jornal Brasil de Fato publicou na sua edicao desta semana meu texto “Iraque: guerra por fora, queima por dentro”.
A nova colaboracao para o semanario nacional apresenta uma entrevista exclusiva que fiz com o diretor iraquiano-italiano Haider Rashid sobre seu recente premiado longa-metragem “Tangled Up in Blue” que retrata a guerra no pais atraves do olhar dos iraquianos exilados na Europa.

O trailer do filme pode ser visto website oficial da producao
www.tangledfilm.com e logo tambem publicarei o PDF com a pagina do jornal aqui neste post.

Segue a materia na integra:
"Um filme sobre a guerra no Iraque que não mostra o Iraque. Mostra, contudo, uma guerra, sem combates bélicos, ainda assim tão violenta quanto esses: o sonho por um país perdido e irrecuperável.

Lançado este ano no Oriente Médio e na Europa, Tangled up in Blue (ainda sem titulo em português) aborda temas tão latentes quanto globalizados com uma peculiaridade que começa pela sua própria nacionalidade: o filme é a primeira co-produção cinematográfica Ocidente–Oriente Médio, entre Itália e Iraque, mas inteiramente rodada em Londres.

O primeiro longa-metragem do jovem diretor iraquiano-italiano Haider Rashid, 25 anos, está em fase final de negociações para ser exibido nos cinemas brasileiros no ano que vem após haver ganhado o prêmio de melhor filme nos prestigiosos festivais internacionais de médio porte Gulf Film Festival (Dubai, Emirados Árabes), I´ve seen Film Festival (Milão, Itália) e Cinema Digital Seul Film Festival (Seul, Coréia do Sul). O filme, cujo script também foi escrito por Rashid, estará disponível a partir de fevereiro na internet e no website da produtora www.tangledfilm.com e seu rápido reconhecimento se explica em parte pela sutil profundidade com que explora, através da singular ótica de um artista de dupla nacionalidade (filho de pai iraquiano e de mãe italiana), alguns dos mais relevantes assuntos da atualidade: imigração forçada, conflitos e diferenças culturais entre Ocidente e o Oriente Médio, vida em metrópoles cosmopolitas, e exílio. Tangled Up in Blue vem se tornando um símbolo para os iraquianos exilados.

Não há paz para um país perdido

Em entrevista exclusiva para o jornal Brasil de Fato, Rashid explica que Tangled Up in Blue, porém, não é simplesmente outro trabalho sobre os exilados e/ou refugiados iraquianos e a crise humanitária – resultado das várias décadas de emaranhados conflitos militares e étnico-religiosos no conturbado mundo árabe que permeia de forma quase mítica e infestada de ignorância o imaginário ocidental. “É um filme que fala sobre a paz que não existe, nem no Iraque nem dentro dos indivíduos que foram forçados a deixar o país; sobre aqueles que nunca deixaram o Iraque por inteiro e acabaram por passar esse sentimento de “permanente busca pela pátria-mãe perdida” para seus filhos, a segunda geração de exilados”, analisa.

Tangled Up in Blue, cujo título é uma referência direta a uma conhecida canção de Bob Dylan, passa numa Londres austera e ao mesmo tempo caótica onde o filho de um mundialmente famoso escritor iraquiano tenta lidar com as repercussões do seu assassinato, lutando com a sua consciência ao planejar publicar um livro que explora a fama do seu pai e duelando com o amor não-correspondido pela sua melhor amiga.

“Cresci num ambiente confortável, mas fruto dessa bizarra combinação iraquiana-italiana que desde criança me despertou o interesse por integração e mistura de culturas em que o tema exílio sempre esteve presente. Um país que se perde para os pais é um sonho para os seus filhos. Enquanto fazíamos o filme percebi que ele apresenta uma forte afirmação sócio-política: ser forçado a deixar o seu próprio país é uma das piores coisas que podem acontecer com alguém”, descreve Haider.

O Iraque é o segundo maior país de origem de refugiados no mundo. Segundo as Nações Unidas, aproximadamente dois milhões e 200 mil iraquianos deixaram o país desde a invasão dos Estados Unidos, em 2003, mas o número de refugiados é ainda maior quando se leva em conta as conseqüências da guerra contra o Irã (1980-1988), e a Guerra do Golfo (1990-1991). No Brasil, porém, dos atualmente 4.294 refugiados registrados, apenas 199 são iraquianos, conforme as estatísticas do Comitê Nacional para Refugiados, órgão vinculado ao Ministério da Justiça (Conare), divulgadas no dia 15 de junho deste ano. Ainda assim, o Brasil é lar para o maior numero de descendentes de árabes – particularmente palestinos e libaneses – fora do mundo árabe, num numero estimado em aproximadamente 10 milhões de pessoas de segunda e terceira gerações.

Nesse sentido, Tangled Up in Blue é conscientemente inserido no seu tempo e simultaneamente busca decifrá-lo e apresentá-lo. É uma leitura honesta, sóbria e original sobre dilemas sociológicos – e as esperadas conseqüências psicológicas individuais – tão contemporâneos que ainda mal são percebidos no complexo processo de conformar e/ou conceituar uma sociedade internacional. “É um filme sobre o desconforto do deslocamento que se utiliza de um estilo original para abordar o tema. Eu nunca quis gravar no Iraque, mesmo que muitos insistissem que eu deveria. Eu preferi que a guerra fosse sentida, não vivida”, descreve Rashid que não nega – ao contrário, quase faz questão em destacar – que o filme tem muito da sua história pessoal.


Muçulmano não, comunista!

Haider Rashid nasceu em Florença, na Itália, onde seu pai, Erfan Rashid, um destacado jornalista e ativista político iraquiano, instalou-se depois de haver sido forçado a sair do país nos anos 80, durante a guerra contra o Irã no regime de Saddam Hussein.

Graduado em teatro na Academia de Artes de Bagdá, hoje Erfan, aos 58 anos, é consultor em diversos festivais e eventos culturais na Itália e no mundo árabe e já trabalhou para diversas mídias internacionais como France 24 e Deutche Welle. Atualmente é também o correspondente na Itália para o jornal libanês Al Hayat – o maior e mais lido jornal árabe no mundo ocidental.

“Quando as pessoas perguntam para o meu pai se ele é muçulmano, ele responde: sou comunista”, conta Haider. Erfan foi ainda um conhecido critico do regime de Saddam que hoje denuncia o risco do Iraque se tornar uma cópia do Ira fundamentalista. Em entrevista à revista eletrônica italiana ResetDoc, Erfan alerta para a influência nociva do Ira no Iraque que tem sido ampliada desde a invasão estadounidense em 2003. Na sua opinião, caso o Iraque siga controlado pelas milícias ou partidos xiitas haveria uma “fundamentalizaçao” do país, forçando premissas religiosas em lugar de programas políticos. Erfan nunca voltou ao Iraque desde seu exílio, há 30 anos, e pensa em fazê-lo por primeira vez no ano que vem. “Nossa preocupação com a segurança é séria, principalmente com a possibilidade de seqüestros”, alarma-se o filho Haider.

Sem aprofundar-se na avaliação da retirada das tropas dos Estados Unidos do país – embora afirmando que a saída gradual é melhor que uma abrupta – o diretor (“não sou um analista político”), assim como seu pai, defende que o futuro do Iraque se relaciona com a extirpação do fator religioso das relações de poder do país. “O governo iraniano está financiando xiitas e fazendo uso de um oportunismo sinistro desse caos. O país não é unido e todo o petróleo que possa ter não será suficiente para arrumar o Estado enquanto os iraquianos matarem a si mesmos por conta da religião”, opina.

O Iraque é um tema cada vez mais presente na agenda do cinema internacional e há duas tendências principais quando se retrata a questão. A primeira são os filmes feitos por profissionais não-iraquianos, que geralmente abordam a volatilidade política do país, mas tratando do tema filmando em outros lugares. Essas produções têm permitido uma maior atenção para os dilemas de diferentes ordens causados pelas incessantes guerras no país, mas costumam estar permeada de estereótipos, onde o mais recente exemplo é o filme “Guerra ao Terror” (rodado na Jordânia) vencedor da última edição do prêmio Oscar.

A segunda são as produções de cineastas iraquianos residentes no país que, no entanto, por não possuir uma indústria cinematográfica local enfrentam escassez de recursos e de estrutura. Ainda assim, a perspectiva árabe do tema é essencial e única e há uma forte presença de novos profissionais. O trabalho de Haider Rashid situa-se exatamente na fronteira dessas tendências. Ele se considera uma espécie de imigrante na Itália apesar de nunca haver estado no Iraque e tem recebido grande atenção e critica da mídia iraquiana. “Creio que recebemos uma resposta positiva em função da maneira como abordamos a questão. No mundo árabe, essa maneira de falar da guerra, a partir da visão dos filhos dos exilados, é totalmente inesperada. No Iraque eu sou considerado um iraquiano mesmo sem nunca ter estado lá, porque sou filho de um”.

“Bagdá é inferno”

O filme é dedicado a um amigo da sua família. O jornalista Kamel Shiaa Abdallah. Kamel era um notório intelectual, assassinado em 2008, em Bagdá, logo de ter regressado ao país depois de décadas de exílio. Kamel havia sido designado conselheiro no Ministério de Cultura do Iraque, como coordenador do Comitê de Proteção do Patrimônio Cultural do país na Unesco.

Rashid denuncia os constantes ataques à intelectualidade acadêmica e artística do país. “Há inúmeros casos de pessoas da cultura e da ciência que foram assassinadas por conta de suas idéias”, aponta. Essa situação é a responsável para que o filme, paradoxalmente, ainda não tenha tido exibição no Iraque. “De fato nos preocupamos com o fator segurança. Mas ao que tudo indica poderemos exibir-lo proximamente em Bagdá”, revela Rashid. Em março do ano que vem o diretor viajará pela primeira vez ao Iraque, junto ao seu pai.

Bagdá, explica Rashid, é uma cidade mítica para o mundo árabe. “Meu pai e seus amigos viviam falando da cidade, de quão linda era Bagdá. Mas a realidade é que aquela cidade agora só existe na imaginação deles. Passaram 30 anos sonhando com isso e de repente tudo o que você conheceu antes não existe mais. Como o próprio personagem do filme afirma: Bagdá é inferno”.

Aquela Bagdá já não existe. Agora resta o sonho do país perdido, vivido pelos filhos dos exilados, a segunda geração; que luta para deixar a memória presente na eterna busca pela pátria-mãe através da arte.

Sunday, 28 November 2010

Textos curtos para Ítaca X

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstâncias que, sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.


KRONA POLA

The lions were awake, she says.

There is a particular way we speak to each other on Sundays.

It deems from that Eurasian island country, home to some of the oldest water wells in the world,

site of the earliest known example of feline domestication

from where you came to broad me so widely that it is now incomprehensible.

I did not understand, particularly, what happened during the first three seconds.

It is the smell of sharpened pencils in Athens in September,

I saw the whiteness of the clouds that we were cutting across

and I screamed, only for myself, as the winds pushed the sound back inside me.

Let me go up again, as a child running to the slides to coast one more time.

Yes, the lions are awake.

I saw the vastness. And I wanted to continue falling.

I see water in you.

Friday, 26 November 2010

Panorámica Social, de España, también publica el texto sobre prejuicio en Brasil

El texto originalmente producido para mi estreno como comentarista semanal en uno de los programas de la Radiocom. 104.5 FM (Pelotas/Brasil) fue traducido al castellano y publicado en la revista online de El Salvador, ContraPunto.

El tema sigue provocando repercusión y ahora también fue publicado en el sitio español, Panorámica Social, de lo cual también soy colaborador, bajo el titulo “Lo peor de las elecciones brasileñas: prejuicio y divisiones sociales”.

Thursday, 25 November 2010

Yes, I would.

After today, it is official, I really need to relax. I would even drink a cup of tea.


Tuesday, 23 November 2010

Um casamento, várias distrações - Comentário da semana na RádioCom 104.5 FM

Nesta quarta-feira, segunda participação como comentarista na RádioCom 104.5 FM, na cidade de Pelotas, Brasil, no programa Navegando.

Os comentários semanais são feitos por telefone desde aqui da ilha gélida e tratam, no contexto das relações internacionais, de apontar distintos ângulos de observação e perspectivas com foco em arte e política entre o local e o global.

O programa Navegando vai ao ar de Segunda a Sexta, das 16h às 18h, (hora de Brasília) e eu estou ali toda quarta-feira.

O texto neste post é o norte do tema abordado

A RádioCom pode ser acessada online aqui.


A contínua e insistente existência da instituição monárquica no Reino Unido é ao mesmo tempo um mistério, um mito que move o imaginário de muita gente em todo o planeta e um sintoma de algumas peculiares características sócio-comportamentais gerais deste país; daquilo que o genialmente irônico jornalista brasileiro Ivan Lessa definiu como “britanicidades”.


Isso chega ao ponto da famosa BBC, a empresa estatal de Comunicação Social britânica, possuir uma “Editoria real”, isto é, uma equipe jornalística dentro da empresa apenas para tratar dos temas relacionados à família real e à Coroa.


Esses temas sobre a royal family, na minha humilde opinião, não costumam ser exatamente algo de extrema importância a não ser que se julgue, e muita gente julga, que o bom funcionamento da família real, ou seja, o fazer valer as tradições britânicas, as noticias dos detentores de títulos de nobreza engajados em atividades de caridade, o saber representar a pompa e a circunstância de uma instituição milenar como a monarquia britânica seja algo importante para a sociedade desta ilha.


Talvez seja mesmo, afinal, que outra justificativa se teria para manter, com rios de dinheiro público, umas centenas de pessoas vivendo em palácios e tendo o titulo da própria encarnação do Estado? A manutenção da monarquia na Inglaterra é um tema polêmico, acalorado, que encontra oposição de muita gente aqui que, assim como os estrangeiros, não entendem o porquê se insiste em manter essa tradição.


CONTO DO VIGÁRIO (OPS...) DE FADAS


De todo modo, essa editoria real da BBC terá mais trabalho do que o normal a partir daqui e pelo menos durante todo o ano que vem. Um casamento real foi anunciado e toda a mídia, especialmente os também famosos tablóides britânicos, estão em polvorosa com a notícia. O filho mais velho do Príncipe Charles, o William, vai se casar com a Kate Middleton. Assim como seu pai se casou com a “plebéia” da Diana, William também se casa com uma mulher que não é de sangue-azul. Como William será o futuro rei da Grã-Bretanha, esse casamento já esta virando uma febre, uma nova mania, da mesma forma que, no inicio dos anos 80, foi também o casamento de Charles e Diana.


Vários casais ingleses estão marcando a data do seu casamento também para 29 de abril, dia em que a família real anunciou que ocorrerá a cerimônia na Abadia de Westeminster. O governo britânico também já anunciou que esse dia será feriado nacional em função do matrimônio.


ON DIVERSION


Tudo isso que parece bastante fútil, todo esse frisson sobre o “casamento do futuro rei da Inglaterra”, apresenta na verdade um importante ponto de analise: quão útil esse “grande evento” será para distrair a nação, e até mesmo o mundo, dos problemas domésticos do Reino Unido.


Se pudesse me arriscar em fazer uma critica bem geral da mídia anglo-saxônica, poderia dizer que quando analisa os problemas internacionais, ela é rápida em apontar o dedo para as “estratégias populistas dos países terceiro-mundistas” em querer desviar o foco da atenção dos seus problemas internos. Por exemplo, na famigerada guerra das Malvinas, em 1982, entre Inglaterra e Argentina, os ingleses não paravam de dizer que o atrevimento dos generais argentinos de "la Junta", particularmente Jorge Anaya, em questionar a “britancidade” das ilhas “Falklands” era apenas para apelar para o nacionalismo-patriótico dos argentinos e distrair a nação da crise do regime que naquele momento dava sinais de que ia se desmantelar.


Muito mais contemporaneamente, na recente e ainda sem solução disputa territorial entre Nicarágua e Costa Rica, prestigiosas revistas de política internacional, como The Economist, afirmam que todo o problema entre os dois países vizinhos foi gerado pela tentativa de Daniel Ortega de conquistar o povo nicaragüense através também do nacionalismo-patriótico para que ninguém grite muito e deixe passar batidas as possíveis alterações na Constituição que estão em debate no pais centro-americano para tentar garantir o terceiro mandato do sandinista.


Mas pouco ou quase nada é falado sobre como o evento real entre Charles e Diana em 1981, foi vendido para o mundo como o conto de fadas perfeito para distrair a atenção dos cidadãos da alta taxa de desemprego que a Inglaterra vivia na época e de uma serie de problemas sociais que causavam diversas manifestações violentas.


E agora, com o novo casamento real, tampouco se ouve falar de quão conveniente esse período de “grande celebração nacional”, como definiu o primeiro-ministro David Cameron, será para criar outros focos de atenção que não sejam a crise européia e a desaceleração da economia inglesa.


CORTES E REAÇOES DE NOVO NAS RUAS


Na semana passada Londres vivenciou uma manifestação violenta, coisa que não se via ha alguns anos. A comunidade universitária, furiosa com o aumento nas taxas na educação, fez uma demonstração de cem mil pessoas em frente à sede do Partido Conservador que, além de centenas de presos, resultou em vários feridos, inclusive policiais.


As medidas de “austeridade fiscal”, uma das expressões mais usadas no jargão econômico europeu atualmente, afeta violentamente e com mais visibilidade a Grécia e, agora a Irlanda, porque esses países pediram socorro para União Européia, mas toda a Europa tem cortado direitos dos trabalhadores, aumentado o tempo de contribuição previdenciária, diminuído investimentos sociais. A grande bola da vez na Inglaterra é o NHS, o sistema universal de saúde britânico, grande conquista e orgulho do país no pós-guerra que tem sido tema de enormes escândalos e alvo de drásticas reduções orçamentárias, comprometendo todo o sistema em si e, inclusive, sob o risco de ter seus serviços definitivamente comprometidos.


Mas todos os desafios sócio-políticos ingleses do momento serão decantados, convenientemente, por conta do novo conto de fadas do matrimonio do futuro rei. E, como se trata da realeza da Inglaterra e não dos comuns da Nicarágua ou Costa Rica, o evento agora não é estratégia de distração política, mas o grandioso – ou ridículo – coroar da tradição britânica.

Monday, 22 November 2010

Nueva colaboración para la revista online salvadoreña ContraPunto

"Brasil todavía vive la euforia de una elección que estableció marcos importantes en la joven – pero tratando de presentarse como madura – democracia del país.


En el periodo en que se prepara la sucesión y los nombres que conformarán el nuevo gobierno, analistas de todo el mundo parecen preocupados en discutir cuanto del éxito de la victoria de Dilma Roussef (PT) sobre el candidato de la oposición, de centro-derecha (PSDB), José Serra, pertenece a sus propios meritos políticos o a la irrupción de Lula en la campaña electoral.



Lo “novedoso” y lo que conforma lo que realmente merece análisis en esta elección en Brasil, sin embargo, es la revelación de los prejuicios latentes y el rompimiento del mito de la tolerancia brasileña."



Lea el texto completo en el sitio de ContraPunto.

Saturday, 20 November 2010

Zack de la Rocha apóia o MST

Não é o vídeo com a música que a banda dedicou para o MST no show em São Paulo, em outubro, (apesar de começar com essa cena) e sim uma declaração de apoio do Zack de la Rocha, vocalista do Rage Against the Machine - uma das maiores bandas da história do rock - ao maior movimento social da América Latina, feita nos bastidores do show. Legendada em português e com um minuto de duração.



Friday, 19 November 2010

Beware of Greeks Bearing Bonds

Àqueles que lêem em inglês e querem uma interessante visão da “questão grega”, os dilemas do país diante da crise européia e principalmente o papel da igreja ortodoxa em meio a toda “mess” da gestao econoômica doméstica, fica a dica para o fim de semana: produzida no mês passado, esclarecedora e lúcida, (apesar da forçadinha exagerada pela via liberal) uma excelente reportagem de jornalismo investigativo da revista Vanity Fair, Beware of Greeks Bearing Bonds, disponível online aqui.



Tuesday, 16 November 2010

O pior das eleições brasileiras: teatro de absurdos em dois atos

Começo nesta quarta-feira uma participação semanal como comentarista na RadioCom 104.5 FM, na cidade de Pelotas, Brasil, no programa Navegando.

Serão comentários feitos desde Londres no contexto das relações internacionais tratando de apontar distintos ângulos de observação e perspectivas com foco em arte e política entre o local e o global.

O programa Navegando vai ao ar de Segunda a Sexta, das 16h às 18h, (hora de Brasília) e eu participarei às Quarta-feiras.

O texto neste post é o norte (nao o comentario em si...) do tema abordado nessa estréia.

A RadioCom pode ser acessada online aqui.


O país ainda vive a euforia da eleição que estabeleceu marcos na jovem, mas tentando ser forte, democracia brasileira. Para além de todas as diversidades de opinião, tanto de esquerda como de direita sobre a importância dessa continuidade, o fato e que na Presidência da República saiu um operário e entrou uma mulher. Impensável no Brasil de dez anos atrás.


No entanto, essa história que parece um sonho de democracia é também um pesadelo assustador, pois a outra marca desse processo foi a revelação dos preconceitos latentes, a quebra do mito da tolerância e o mostrar das garras do fanatismo e do poder religioso no Brasil. Para um país que almeja deixar a posição de emergente e se consolidar como potência, essa eleição também foi o espetáculo do absurdo, em dois atos.


PRIMEIRO ATO


O primeiro ato foi a hipocrisia sobre o aborto, num debate quase surreal que encheu de indignação os olhos da comunidade internacional que tem interesse e acompanha o Brasil. O fanatismo religioso dos neopentecostais e dos católicos carismáticos ou conservadores sobre a legalização ou descriminalização do aborto chegou a definir agendas da eleição. O país que agora se senta entre os grandes do mundo sabe que democracia também é o acesso aos Direitos Humanos, não apenas a disputa formal eleitoral, mas quando a coisa apertou os atores políticos preferiram jogar para a platéia.


Jose Serra e o PSDB foram oportunistas o suficiente para imprimir patéticos panfletos com sua foto e a frase “Jesus Cristo é o Senhor”, para se mostrar crente de plantão. Dilma Roussef e o PT ficaram acuados e tiveram que adaptar seu discurso histórico de posições progressistas e lançar manifestos “a favor da vida” com o compromisso de não mudar a legislação sobre o tema.


Todos nós sabemos que o aborto é uma questão de saúde pública e não de ordem moral. É um absurdo preocupar-nos com o direito reprodutivo como um tabu e não nos escandalizarmos, enquanto sociedade, com a erotização da infância e da juventude e a gravidez precoce, fruto de falta de educação sexual em todo o Brasil.


Quando relacionada com o contexto internacional uma preocupação central é o risco do Brasil estar caminhando para disputas políticas como a dos EUA, pré-determinadas por grupos fundamentalistas cristãos, Qual será o próximo passo dos fanáticos que possuem tamanha influencia poltica? Fazer campanha pelo criacionismo como a explicação obrigatória do surgimento do universo? Depois de ter conseguido impor a pauta na campanha presidencial, a política nacional se escancarou para o pior do agendamento reacionário.


SEGUNDO ATO


O segundo ato do absurdo veio na pos-campanha, depois da religião e política terem se misturado descaradamente, trazendo para a superfície o lodo que estava no fundo.


Acionado pela postagem inconseqüente nas redes sociais da internet feita por uma adolescente mimadinha da elite paulistana as declarações de ódio contra os nordestinos viraram, obviamente, caso de policia. A tal da Mayara Petruso, que virou o bode expiatório do tema (já que ela é uma entre muitas que (des)pensam assim), vai responder processo por crime de racismo.


Novamente, do ponto de vista internacional, isso é o mais surpreendente. Em sentido estrito, não há racismo nesse debate, não há outra raça em questão e em conflito. O que há é ódio de classe, que se traduz em preconceito. Logo, explicar isso para muitos europeus, por exemplo, onde a realidade da migração é parte absoluta da realidade e do dia-a-dia é uma verdadeira missão.

Porque é “fácil” para um europeu entender a xenofobia, o problema com o estranho, com o de fora, as diferenças culturais e lingüísticas cuja gestão é tão complexa e tão determinante para se conseguir êxito na integração multinacional. Mas o ódio pelo seu próprio nacional baseada na idéia elitista de que uma parte mais pobre do país “se aproveita” de outra mais rica ao se mudar para a sua área, ou de que a parte mais pobre que se mudou, DENTRO DO MESMO PAÍS, ao fazer isso se torna a responsável por trazer miséria e aumento de criminalidade, é um conceito tão burro quanto risível e nojento, ao ponto de estar sendo classificado como neofascista.


Em sentido estrito, não estamos falando de raça, nem de diferentes nacionalidades, mas sim de pessoas que compartem a mesma língua, os mesmos símbolos e inclusive estão exportas as mesmas massificações midiáticas que só tem sentido pleno para os que compartem os mesmos códigos culturais.


Mas essa mesma elitizinha quando retirada do seu aquário e colocada em mar aberto, isto é, em outro país, pode se encontrar vivendo lado a lado com os que antes desprezava. Fora do ambiente pequeno, medíocre, isolado na suposta segurança da diferença da sua classe social no seu pais de origem - que lhe dá a ilusória garantia de poder de exclusão - aquela que antes se achava superior tem que trabalhar no braço também, tem que aprender do mesmo jeito, na marra, os novos códigos e língua. E não é incomum nesse contexto os “bem educados” pedirem arrego pros “peões” sobre como se virar no terreno, hostil, que até então a vida não tinha lhes ensinado.


Os que vão viver fora simplesmente por experiência cultural ou os que migraram por razões econômicas, ou por outros motivos quaisquer, lá fora, em terreno desconhecido, estão no mesmo barco. Para o nativo nesse país estranho e, principalmente para as autoridades migratórias, quem carrega passaporte brasileiro é brasileiro. E ponto. Não interessa se veio de cortar cana nas roças de Goiás ou se estudou em faculdade privadas no centro de São Paulo.


Aqui fora todos os sotaques são só um, é o sotaque brasileiro, de norte a sul, somos todos brasileiros. Toda essa discussão sobre essas supostas diferenças que geraram tanta balburdia no Brasil aqui é ouvida com incredulidade e soa como ridícula. A diferenciação nauseante que o preconceito e o ódio de classe das elites do nosso país querem destacar só existe dentro da pequenez e da mediocridade das suas bolhas de ignorância, viajando em seus carros blindados, vendo o mundo quadrado por trás das barras das suas casas fortificadas. A mimada da Mayara e todos os demais jovens inábeis que se deixaram levar por essa onda expansiva de preconceito, fruto dessa eleição-espetáculo de baixarias, deveriam estourar essa bolha antes que o Brasil pague - como a Europa conhece bem - ainda mais caro o preço das divisões sociais.


Sunday, 14 November 2010

Música do domingo

Nasceram flores num canto de um quarto escuro

Mas eu te juro, são flores de um longo inverno



Thursday, 11 November 2010

Textos curtos para Ítaca IX

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstâncias, que sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.


Lecciones guanacas



¡Solo los cheles* caminan bajo el sol!, me ha enseñado una guerrillera salvadoreña.



*Nota: Chele es una expresión salvadoreña para designar una persona de tez blanca o rubia.




Tuesday, 9 November 2010

México y Brasil para integrar Latinoamérica

Después de más de un ano de conversaciones en seis encuentros bilaterales, México y Brasil anuncian la decisión de iniciar negociaciones para un Acuerdo Estratégico de Integración Económica.

Es decir, desde febrero de este año hubo un proceso formal de trabajos para evaluar la posibilidad de negociar este Acuerdo. Fue la fase de la “negociación para saber si podría haber negociación” (!) y, aunque suene bastante burocrático, por lo menos el resultado es que si hay interés y disposición de las dos principales economías de America Latina en establecer un amplio acuerdo comercial.

Los países decidieron las “reglas de juego” para negociar sobre sus respectivos sectores productivos. Los Términos de Referencia (TR) acordados reflejan el compromiso entre ambos gobiernos en los siguientes aspectos fundamentales:

1. El Acuerdo será amplio, es decir que además de aranceles se incluirán los temas de servicios, inversión, compras de gobierno, propiedad intelectual, entre otros.

2. La cobertura de este Acuerdo será integral y se examinarán todos los productos, servicios y demás temas comerciales.

3. Se reconocerán las sensibilidades de ambos países y se otorgará trato especial a los sectores vulnerables.

4. Se garantizará el acceso real a los mercados atendiendo de manera ágil y efectiva los problemas puntuales y las barreras no arancelarias.

Según declaraciones del Secretario de Comercio Exterior del Ministerio de Desarrollo y Industria de Brasil, Welber Barral, a la agencia Reuters, la idea es que el acuerdo final sea firmado en 2012 y a partir de ahí doblar el comercio bilateral en un plazo de tres años.

"Ou Brasil e Mexico, que são as grandes economias da América Latina, conseguem fazer um processo de integração industrial que mantenha escala de produção na região, ou nossas indústrias migrarão para outros países, para outras regiões do mundo na realidade, para a Ásia fundamentalmente", dijo Barral a la agencia de noticias Reuters.

Las transacciones comerciales con México representan 5 por ciento del total del comercio exterior de Brasil y podrá llegar a 10 por ciento en 2016.

De acuerdo con la Nota a la Prensa nr 649/2010 del Itamaraty, “A través de la profundización de su relación económica y con una visión de largo plazo, Brasil y México están seguros que el Acuerdo no sólo incrementaría los flujos de comercio e inversión entre ambos países sino que también impulsaría de manera importante el desarrollo e integración de América Latina y el Caribe, fortaleciendo la competitividad y la presencia regional en los mercados internacionales”.


Wednesday, 3 November 2010

Mayara Petruso quer afogar nordestinos. Ela não é a única **


"A estudante de Direito Mayara Petruso atendendo ao chamado da campanha tucana que transformou a campanha numa guerra entre gente limpinha e a massa fedida, principalmente a que reside no Nordeste e vive do Bolsa Família, escreveu as mensagens reproduzidas acima na noite de domingo, logo após o anúncio da vitória de Dilma Roussef.

A estudante é uma típica paulistana de classe média alta. Um tipo que não gosta de estudar, adora consumir e que considera nordestino um ser inferior. Nada mais comum em almoços de domingo nos ambientes dessa elite branca paulistana do que ouvir gente falando coisas semelhantes ao que escreveu Mayara Petruso na sua conta no tuiter. Na cabeça da menina, ela não deve ter falado nada demais. Afinal, é isso que deve ouvir desde criança entre familiares e amigos.

Fui ao orkut de Mayara para checar minhas desconfianças. E confirmei tudo que imaginava. Ela deve morar na região Oeste de São Paulo, onde vive este blogueiro há muito tempo e onde este preconceito é ainda mais latente do que em outras bandas da cidade. Digo isto porque uma de suas comunidades é a do “Parque Villa Lobos”. Se morasse na Mooca provavelmente nem se lembraria de tal parque. Se vivesse nos Jardins, citaria o do Ibirapuera.

Mas há outras comunidades que revelam mais profundamente a alma da “artista” que escreveu o post mais famoso do pós-campanha. Um post que levou o debate sobre a questão do preconceito ao Nordeste ao TT mundial no tuiter. A elas: “Perfume Hugo Boss, Eu acho sexy homens de terno, Rede Globo, CQC, MTV, Magoar te dá Tesão? e FMU Oficial”.

Não vou comentar suas comunidades “Eu acho sexy homens de terno” e nem “Magoar te dá tesão?” por considerar tais opções muito particulares. Mas em relação ao fato da moça estudar na FMU, a Faculdade Metropolitanas Unidas, queria fazer algumas considerações. Nada contra a instituição ou aos que nela estudam, mas pela situação social da garota, ela deve ter estudado em escola particular a vida inteira e se fosse um pouco mais esforçada teria entrado numa faculdade onde a relação candidato/vaga é um pouco mais dura.

Ou seja, como boa parte dessa classe média alta paulistana, Mayara é arrogante, mas não se garante. Muita garota da periferia, sem as mesmas condições econômicas que ela deve ter conseguido vôos mais altos, deve já ter obtido mais conquistas do que a de poder consumir o que bem entende por conta da boa situação financeira da família.

Ontem, Mayara pediu desculpas pelo “erro”. Disse que afinal de contas “errar é humano” e que “era algo pra atingir outro foco” e que “não tem problema com essas pessoas”. Não desceu do salto alto nem pra se penitenciar. Preferiu fazer de conta que era uma coisa menor, ao invés de pedir perdão, afirmar que era um erro injustificável e que entendia toda a revolta que seu post produzira.

“MINHAS SINCERAS DESCULPAS AO POST COLOCADO NO AR, O QUE ERA ALGO PRA ATINGIR OUTRO FOCO, ACABOU SAINDO FORA DE CONTROLE. NÃO TENHO PROBLEMAS COM ESSAS PESSOAS, PELO CONTRARIO, ERRAR É HUMANO, DESCULPA MAIS UMA VEZ.”

Ela foi criada para isso. Para dispensar esse tipo de tratamento a nordestinos e pobres e por isso a dificuldade de ser mais humilde. É difícil para esse grupo social entender que preconceito é crime por ensejar um tipo de xenofobia que coloca quem o pratica no mesmo patamar de um tipo como Hitler. Ela odeia nordestinos. Ele odiava judeus. A diferença é que ela não pode afogar de fato aqueles que vivem na parte de cima do mapa. Já o alemão pôde fazer o que bem entendia com aqueles que julgava ser um estorvo na sociedade que governava.

Mas Mayara é o produto de um tipo de discurso. Ela não merece ser responsabilizada sozinha por isso. Talvez seja o caso de alguma entidade vinculada à cultura nordestina mover um processo contra a estudante. Menos pra tirar dinheiro ou coisa do gênero, mais para utilizar o caso como exemplo. E fazer com que ela atue em espaços vinculados à cultura da região para aprender a ter mais respeito com a história e com o povo dessa parte do Brasil.

Os verdadeiros culpados são outros. São aqueles que com seus discursos preconceituosos têm alimentado esse separatismo brasileiro. E em boa medida isso se dá pela nossa “linda e bela” mídia comercial e mesmo pela manifestação de um certo setor da política que sempre que pode busca justificar a vitória da aliança liderada pelo PT como produto do “dinheiro dado a essa gente ignara e preguiçosa que vive no Nordeste a partir do Bolsa Família”. Ou Bolsa 171, nas palavras de Mayara.

Mas esse comportamente também é produto de um tipo de preconceito velhaco que nunca foi combatido de forma educativa e que é alimentado diariamente nos ambientes familiares dessa elite branca. Cláudio Lembo sabia do que estava falando quando usou essa expressão. Ou começamos a discutir esse preconceito com seriedade, tentando combatê-lo com leis claras, educação e cultura ou corremos o risco de mesmo avançando em aspectos econômicos, retroceder do ponto de vista de outras conquistas democráticas.

Afinal, ainda há quem ache que pregar a morte daqueles que pensam diferente é apenas um problema de foco. "
** Artigo de Renato Rovai, publicado originalmente no seu blog

Tuesday, 2 November 2010

El primer cumple de Camila







Mi sobrina. ¡Toda felicidad para vos!

Nem o Apartheid derrotaria Dilma

"Mesmo que o Nordeste - onde Dilma teve quase 11 milhoes de votos a mais do que Serra (10.717.434) - fosse excluído do acesso às urnas, como acalentam o elitismo preconceituoso e a extrema direita política, ainda assim a petista venceria o tucano por um saldo de 1,3 milhão de votos, ou 0,9%. "

(Editorial Carta Maior, 2 de novembro, datos do TSE)