Thursday, 3 March 2011

Não foi acidente! e Bicicletada pela Paz

Sou um grande fã de bicicletas e da militância pela ciclocultura. Antes de sair do Brasil tive um breve e intenso envolvimento com o tema, na minha própria cidade natal.

Em 2003 quando trabalhava na Câmara de Vereadores de Pelotas buscamos através do mandato Lair de Mattos impulsionar um debate sobre o uso de bicicletas como meio de transporte na cidade através de um simples, mas pioneiro seminário (para o qual faltou mobilização) numa época em que tão apaixonante e fundamental tema começava a tomar mais corpo na cidade.


Foi aí que conheci o companheiro Horácio Cardoso, do grupo Pinha Livre, que passou a organizar as Bicicletadas em Pelotas . Hoje na cidade também “milita” na questão – e uso essa palavra embora saiba que ele recusaria o uso desse termo – meu amigo Leandro Karam, do Pedal Curticeira, que ganhou muito know-how sobre o assunto quando morava em Santa Catarina e hoje coordena esse amplo e forte movimento de uso sustentável da bicicleta.


Se voltasse a me envolver diretamente com o tema minha posição seria realmente mais militante porque, para além do – real – risco de que se enverede em um rançoso debate de captação de agenda político-partidário – deve-se ter presente que o tema é diretamente relacionado com gestão pública e ainda é morosamente trabalhado pelos poderes de todas as esferas institucionais, o quê, em minha opinião, exige atitudes mais de ação direta realmente.

Os poderosos movimentos de sensibilização da opinião pública, por exemplo, do World Naked Bike Ride, quase não possuem espaço no Brasil. Eu pude participar de um em Londres (foto acima, e mais AQUI), e estou certo de que seria uma enérgica e possível de efetivar agenda, inclusive em Pelotas



Lá fora, em Londres e em Barcelona, particular e espetacularmente na sempre querida Barna, pude desfrutar da fabulosa oportunidade de ver e vivenciar da bicicleta respeitada como meio de transporte de fato, de ciclovias de verdade, do uso diário, seguro e eficiente da bicicleta.


Infeliz e absurdamente, como sabemos, no Brasil a história é bem diferente.


Mas esses dois cicloativistas lá na cidade de Pelotas, Karam e Horácio, se uniram para uma articulação mais do que necessária, “Pela Paz no Trânsito”, que ocorre nesta quinta-feira. O elemento motivador: o surreal e indignante atropelamento em massa de ciclistas em Porto Alegre na semana passada, levado a cabo por um maníaco do automotor.



Mobilização: Pedal Curticeira & MUBPel (Movimento dos Usuários de Bicicleta de Pelotas) -

Consideramos que o atropelamento em massa ocorrido na semana passada em Porto Alegre durante a bicicletada do movimento Massa Crítica é um episódio divisor de águas no que se refere à NECESSIDADE de REPENSAR o COMPORTAMENTO dos condutores de QUALQUER TIPO DE VEÍCULO. A lei nacional de trânsito, em seu artigo 58 ressalta que “nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.” A prática, no entanto, se dá de forma oposta. Muitos condutores de veículos automotores não satisfeitos com a rapidez que a sua mobilidade à combustão já lhes oferece, muitas vezes, ignoram a presença e outros veículos e não são raras as consequências violentas deste comportamento.


Sabemos também que o uso inapropriado da via não se dá apenas por parte dos condutores de automóveis. São muitos os exemplos nagativos que podemos observar nas ruas por parte de motoristas que desrespeitam as leis e as pessoas, por parte de ciclistas que irresponsavelmente trafegam perigosamente sobre calçadas, na contra-mão, cruzam sinais ou rodam de forma imprevisível e também por parte de pedestres que invadem as ruas em esquinas antes mesmo dos semáforos sinalizarem ou até mesmo, por incrível que pareça, atravessar as ruas sem olhar para os lados – uma das primeiras orientações que recebemos quando criança.


No entanto, mesmo que aparentemente distantes de uma “cidade ideal”, cada um de nós pode contribuir com uma pequena parcela. Por menor que ela seja, quando acontece coletivamente gera transformações, e até mesmo grandes transformações.



Para isso, é necessário adotar uma DIDÁTICA mais eficiente, pois uma ofensa ou excesso respondida com outra ofensa somente gera mais tristes episódios como o que ocorreu em Porto Alegre na última sexta feira.


A bicicleta é um meio saudável de transporte, não poluente, silencioso e que ocupa pouquíssimo espaço!!! Incentive o uso dela!!! É um automóvel a menos no trânsito!!!


Pense melhor em suas atitudes.... e compareça em nossa BICICLETADA!!!!

(Clique na imagem abaixo para ampliar-la)



1 comment:

Anonymous said...

É, meu caro Alex... quem pedala, seja lá por qual motivação, não pode ficar "alheio" ao contexto mundial atual... quem sabe ainda faremos a "PELADADA PELA PAZ" em analogia à "world naked bike rides"... seria, no mínimo, bem chamativo!!! abraço e sucesso aí!!!
Leandro Karam