Saturday, 31 December 2011

Existencialismos de ano-novo

I did not restrain myself. I let go completely and went.

To those pleasures that were partly real,

parltly swirling in my wind,

I went, into the lighted night.

And drank of potent wines, such as

the fearless in their sensual pleasure drink.


(I went - from C.P. Cavafy)



Tratei sempre dos lugares em que morei mundo afora com a maior naturalidade possível. Nunca busquei, no entanto, a forçação de barra da integração, tentando fazer do estranhamento algo usual, artificializando-o por conta do desejo e/ou necessidade da adaptação. Tampouco porém estabeleci relações alienigenas, daquelas que não apenas apontam todas as supostas diferenças como também correm atrás delas por conta também do desejo e/ou necessidade de demarcar-se, buscar pertença.


Um viajante não busca marcar diferenças - como o colecionador de curiosidades de antigamente para serem exibidas num circo de excentricidades. Busca antes encontrar as semelhanças na diversidade, busca encontrar os entendimentos.


Nem trato o corriqueiro de um lugar como exótico e surpreendente só porque não é o "meu" corriqueiro, nem assumo a postura blasé, (muito comum inclusive em londoners) ,sobre o novo, pois isso significaria a tentativa patética de incluir-se sem reconhecer a diferença; como se existisse entrosamento natural.


Eu criei, em considerável medida sem querer, uma amplitude de supostas possibilidades pessoais baseadas na vivência direta que não muitos experienciam, o que é um privilégio por um lado mas desestabilizador por outro. A dinâmica de existência que resulta desse instável estilo de vida tem seu quê de opressor. Bem-vindo ao clube dos eternos insatisfeitos e inconformados, cuja filiação , apesar de emitir uma carteirinha atraente e brilhantes ás vezes é mais maldição do que benção.


Eu sei que não participo solitário desse circulo marcado pelo paradoxo, mas estamos demasiadamente espalhados e nossas reuniões são muito eventuais. Por isso valorizamos tanto o encontro, e fazemos dele o bálsamo que cura a ferida dos constantes "adeuses". Não é porra-loquice, não é excentricidade, não é desorientação. É apenas uma percepção posta em prática através das oportunidaes surgidas ou criadas mediadas por uma dose de audacidade.


É claro que a implementação dessa percepção é mais fácil para aqueles que contam com salvaguarda material e financeira e por isso, sem dúvida, paga-se duro essas escolhas. A opção pelo desenraizamento é um processo efetivamente dialético, por vezes doloroso, o qual eu, sem criar factóides de exoticidades, nem fazer cara blasé, ainda estou construindo.


E para manter o paralelismo e abrir e fechar este "inner-texto" como uma citação, lembro da frase de outra poeta, caribenho, prêmio Nobel de Literatura, Derek Walcott, a quem vi ao vivo este ano em Olinda: I didn´t want a category, but an experience".

Monday, 26 December 2011

Música da Semana

"We do not need more temples. We need more dancing."



Friday, 23 December 2011

A Christmas tale

""This Eternal contradiction between the love and hatred Ifeel for this feeling of estrangement that always prevent me from really staying where I am, while at the same time making me tired to be always going".


I read these words in my native portuguese. They come to me via email. From someone who knows me well, even while he thinks he does not. It resonates to me. It is the fate of the inbetweeners. All of us who are searching around the world something we don't know what it is and it is probably within.



Lina disappears in the little Soy ( street) carrying her heavy bags, wearing her little hat. I am now concerned for this new traveller of the world. In broken english she explains to me i am welcome in China. " Sure it is around the corner from Thailand". The strange part is that it is not a joke. I am serious.


When was it that all the people around me became people who find quite normal to cross borders so frequently?


I reread the portuguese words of my Brazilian friend who like me studied all over the world. And who is now back to Brazil. Is he really back? Not sure.


It turns out that Inbetweeners are growing and growing. And for these people crossing borders to spend x-mas and new years with friends is not so absurd anymore. Even when x-mas and new years seem just as arbitrary as any other day. I reread the sentence of my friend who says he feels me, more than he knows me.


"This Eternal contradiction between the love and hatred I feel for this feeling of estrangement that always prevent me from really staying where I am, while at the same time making me tired to be always going"


I know it from within. This love and hatred we have for estrangement. There is so much pain that comes from this loss of roots. But there is also so much love. The hate comes from how weak ideas become. The love also does. "

Wednesday, 14 December 2011

30 anos de El Mozote: A maldição de Marcos Diaz








*Por Aleksander Aguilar


Este texto foi publicado originalmente na versao impressao do jornal Brasil de Fato em junho do ano passado. Republicado aqui hoje por ocasiao do aniversario de 30 anos da tragédia.


O episodio ocorrido em El Mozote, em El Salvador, em 11 de dezembro de 1981, é um dos maiores massacres cometidos contra civis na história recente da América Latina, com pelo menos o dobro de vitimas que My Lay e quiçá levado a cabo com mais requintes de crueldade do que o da vergonha mundialmente famosa promovida na aldeia vietnamita pelos Estados Unidos durante a guerra, nos anos 60.


O famigerado ex-batalhão Atlacatl do exército salvadorenho, numa tentativa desesperada de conter o brote revolucionário no país no inicio dos anos 80, aterrorizou e assassinou quase 1200 civis pacíficos, incluindo idosos, mulheres e crianças de colo. A missão do Atlacatl, financiado e treinado pelos Estados Unidos, era colocar em prática as medidas necessárias para operações conhecidas como tierra arrasada ou, no jargão do próprio exército na época “secar o rio para evitar que os peixes cresçam”.


Contudo, para muitos salvadorenhos, especialmente os da geração pós-guerra (1980-1992), El Mozote é distante, no tempo e também no espaço, apesar do cenário da matança estar a menos de 300 km da capital, San Salvador.


Essa é a ironia da recente e obscura história salvadorenha. El pulgarcito de America (o pequeno polegar da América), como é carinhosamente chamado pela população, também quer, há quase 20 anos, virar páginas de dor. Mas punir os criminosos, rechaçar a impunidade e manter viva a memória nem sempre foi – e muitas vezes não é – entendida como a prova séria dessa disposição. O país continua ignorando-se e sendo ignorado. Setores da sociedade, aqueles envolvidos com massacres, esquadrões da morte e desaparecimentos, querem incentivar o esquecimento em lugar da toma de consciência critica e isso faz com que, como nação, o lugar se mantenha olvidado.


Em nível latino-americano essa invisibilidade e desmemoria é igualmente latente. Brasileiros, particularmente, também tendem a conhecer mais da simbólica história de My Lay do que sobre os fenômenos e dores, com semelhança de caráter e motivações, que nosso continente sofreu. Não temos a menor idéia do que foi o El Mozote. A América Central toda, e quase sempre, não é vista no senso-comum mais do que como um pedaço de terra entre o sul e o império onde houve guerras, há vulcões e terremotos e nem nos envergonhamos dessa grotesca e absurdamente rasa idéia que temos da nossa própria geografia e história.


PARA CHEGAR AO EL MOZOTE


Sem veiculo próprio - como acontece em muitos destinos de El Salvador - o acesso não é muito simples, embora as estradas hoje em dia sejam bastante razoáveis. A falta de um sistema de transporte público decente no país (tema central de recentes acordos de cooperação entre Brasil e El Salvador) faz com que a viagem seja uma jornada.


Saímos no início da tarde do deprimente Terminal do Oriente de San Salvador com destino à cidade de San Miguel, de onde se toma outro ônibus. Ao chegar aí, pouco depois das cinco horas, já não há transporte até a famosa Perquin, (cidadela que foi o centro do controle guerrilheiro na região nos anos 80), com exceção das populares traseiras de camionetes em uma viagem de duas horas até outro lugarejo histórico, Francisco Gotera, para dai pegar outra pick-up. Para evitar estar na estrada ao anoitecer, decidimos passar a noite em San Miguel para seguir às seis da manhã seguinte.


No outro dia, depois de mais três horas de outro precário ônibus, chegamos ao lugar onde esta o Museu da Revolução Salvadorenha, um pequeno e humilde prédio, organizado pelos próprios ex-combatentes que ainda vivem na região, que abriga um verdadeiro arquivo histórico: armas usadas na guerra, cartazes do Frente Farabundo Martí Liberación Nacional (FMLN) e de organizações internacionais em solidariedade à ex – guerrilha, fotos de homens e mulheres que lutaram na revolução, cascos de bombas de 500 libras do arsenal norte-americano que eram despejadas pelo exército de El Salvador (financiado pelos Estados Unidos na sua política de contra-insurgência e intervencionista) e até os carros utilizados por dois dos cinco comandantes do FMLN durante a guerra, Schafik Handal e Joaquin VillaLobos.


Visitamos o museu pela manhã com a idéia de ir ao El Mozote pela tarde, mas depois das 13h já não há nem pick-ups que passem pelo desvio de Arambala, de onde temos que tomar outro ônibus para, por fim, chegar ao cenário do massacre. Assim, foi apenas na manhã seguinte que conseguimos chegar. Uma minúscula vila, entrada nas montanhas da parte Norte-oriental do país, quase na fronteira com Honduras. Hoje, o vilarejo não deve ser muito diferente do El Mozote do inicio dos anos 80, a não ser pela presença de um monumento a memória do massacre e pelo simpático e singular “posto de informação turística” em frente à igreja.


Alguns minutos depois de descermos do ônibus – com mochilas e caras de turista – no meio da silenciosa e polvorenta vila, uma jovem se aproxima disposta a nos contar a historia. Ao redor, só se vê uma dúzia de residências; a igreja; o passo eventual de uma criança ou adolescente de bicicleta; dois ou três homens, depois da cerca, com lenha ou apetrechos de trabalho agrícola nas costas; alguns cachorros famintos perambulando; um poço pintado de branco de onde se ergue um alto bambu com uma bandeira vermelha do FMLN no topo, e uma pequena mercearia de onde nos observa uma curiosa senhora.


Estamos em frente a diminuta praça onde está o monumento à memória do massacre e que guarda os restos mortais de um milhar de pessoas assassinadas. É ali, em frente aquela placa de metal recortada na forma da silhueta de uma família, colocada em frente a um muro de tijolos com os nomes das vitimas, que ouvimos a humilde guia turística do El Mozote relatar a triste historia da miserável vila e recorrer os lugares exatos das execuções, dos escombros das casas que resistiram aos incêndios provocados pelos soldados para esconder a vergonha da barbárie ali cometida.


VERGONHA ESCONDIDA


Durante 11 anos uma mulher, Rufina Amaya Marquez, foi diante de todo o mundo a única testemunha do massacre, mas pouca gente lhe dava crédito. Ela foi a única pessoa que, milagrosa e bravamente, sobreviveu a asquerosa operação “Yunque y Martillo” do famigerado Batalhão Atlacatl do exército salvadorenho no dia 11 de dezembro de 1981, quando foi executada toda a população de El Mozote e arredores.


Até outubro de 1992, ano em que a guerra civil de pelo menos 12 anos em El Salvador por fim havia terminado, Washington teve sucesso em manter o crime em segredo; enterrado entre mais de mil cadáveres no extremo oriente do país.


Rufina, que viu seu marido e quatro filhos (um deles de oito meses de idade que lhe foi arrancado do peito) serem assassinados, conseguiu, com uma extraordinária forca psicológica, contar a história ao mundo. Seu relato, verificado in locu por jornalistas norte-americanos, foi manchete do The Washington Post e do The New York Times após a legendária Radio Venceremos (órgão oficial de comunicação da guerrilha) ter denunciado o massacre. Porém a Casa Branca, que naquele momento, começo de 1982, debatia se manteria ou não mais apoio para o governo ditatorial salvadorenho combater a guerrilha, precisava desacreditar a história que, no período intrincado da Guerra Fria, deixava o país entre o dilema de manter a “segurança nacional” e o suposto respeito aos direitos humanos (já que os políticos americanos estavam cientes do nível de violência em El Salvador) que os Estados Unidos julgavam, e julgam, exercer.


“SECAR O RIO”


No dia primeiro de dezembro de 1981 a guerrilha foi informada de que havia sido confirmado um operativo militar de grande envergadura na região. O governo salvadorenho queria “resgatar” Morazan das mãos dos guerrilheiros que tinham o controle político no Oriente do país. Os oficiais temiam que se a guerrilha não fosse retirada de Morazan, o país, o menor de todo o continente Americano, com apenas 21 mil km quadrados, pudesse terminar dividido em dois.


O batalhão Atlacatl, treinado pelo carismático e truculento coronel Domingos Monterrosa (homem de confiança dos norte-americanos) era uma classe diferente da maioria dos soldados salvadorenhos. Eram mais ferozes, mais profissionais e muito melhor equipados. Sempre com dinheiro e estrutura norte-americana. Nesse período os EUA haviam dado um passo em frente no financiamento da guerra (que totalizou 500 milhões de dólares, oficialmente, entregues ao governo salvadorenho para combater a guerrilha), mas não estavam dispostos a envolver seus soldados diretamente, já que o país ainda estava sob a ressaca histórica do Vietnam.


O El Mozote estava dentro da zona controlada pela guerrilha, mas os rebeldes não eram capazes de oferecer aos civis suficiente proteção. Em uma operação do exercito de grande porte a população civil também tinha que fugir. Mas a população do El Mozote, no inicio daquele dezembro, decidiu ficar.


A MALDIÇÃO


Como em muitas outras comunidades do Departamento de Morazan, a população se esforçava em manter-se neutra durante a guerra e muitas vezes, de fato, tinha medo da guerrilha. Contudo, a confiança no exército, e em Marcos Diaz, contribuiu para levar todo o vilarejo à morte.


Segundo o livro “Vagalumes no El Mozote” (tradução livre do espanhol) publicado em El Salvador pelo Museu da Palavra e da Imagem (MUPI) com relatos da história feitos por Santiago, responsável pela legendária Radio Venceremos (Carlos Henrique Consalvi, atual diretor do MUPI), pelo jornalista norte-americano Mark Danner e pela própria Rufina Amaya, o dono da única mercearia da comunidade organizou uma plenária em frente a sua casa no início de dezembro de 81. Ele contou aos moradores o que lhe haviam dito em San Miguel, onde ele fazia as comprar para abastecer sua lojinha.


Um oficial do exército lhe garantiu que, apesar da operação militar estar realmente dirigindo-se ao El Mozote, o melhor a fazer era ficar na vila e permanecer nas casas para não correr o risco de que os soldados os confundissem com guerrilheiros em retirada. Marcos Diaz confiou na sua fonte no exército e a população do El Mozote confiou em Marcos Diaz.


A maioria ficou na vila, sabendo que o exército se aproximava, mas confiantes de que, por não serem colaboradores da guerrilha, nada de mal lhes ocorreria. A certeza converteu-se em decepção e morte e para Marcos Diaz, em uma maldição. O batalhão Atlacatl estava ali para levar a cabo uma estratégia política. civil organizada. A inédita e histórica vitória eleitoral no ano passado do FMLN, o ex-grupo guerrilheiro transformado em partido institucional depois dos Acordos de Paz de 92, tem gerado expectativas positivas em diversas organizações de direitos humanos e atores políticos do país, inclusive na comunidade internacional, para a plena realização dos direitos das vitimas por justiça e reparação nesse episódio do El Mozote e em diversos outros casos de violação dos direitos humanos durante a guerra civil no age:PT-BR">Oficialmente, a missão era aniquilar a Radio Venceremos. A rádio da guerrilha era a obsessão do coronel Monterrosa que não admitia e se enfurecia com a sua existência. O Atlacatl foi ao norte de Morazan, com destino a Guacamaya, onde de fato foi um dos lugares de funcionamento da emissora. Porem a inteligência da guerrilha já havia tomado conhecimento do operativo e o coletivo da rádio partiu do acampamento muito antes da chegada do exército. Durante seu trajeto a Guacamaya, o Atlacatl aterrorizou e assassinou em Perquin, em Torilas e no El Mozote finalizou sua missão de barbárie.


“Vagalumes no El Mozote” relata que o batalhão levou dois dias para cumprir o se pode chamar de ritual. A população foi dividida entre homens, mulheres e crianças; cada grupo encerrado em uma casa da comunidade. Os homens, que estavam na igreja, foram os primeiros. Foram levados em pequenos grupos atrás do prédio e metralhados e os que ficavam agonizando eram decapitados. As cabeças, cujos crânios foram encontrados anos mais tarde, foram amontoadas perto da sacristia. Pouco depois foi a vez das mulheres. Os soldados selecionavam as mais jovens e as arrastavam para os cerros nos arredores. As outras ouviam os gritos das que estavam sendo estupradas. Depois, os soldados voltaram às casas e começaram a separar as mães dos filhos. Grupos de mulheres eram levados a execução na pequena praça da vila e a casa aos poucos se enchia de órfãos aos prantos. Os soldados do Atlacatl por fim terminaram sua missão, matando todas as crianças do El Mozote.


Rufina Amaya assistia todo o repugnante ritual escondida atrás de um pé de maçã, que ainda existe no El Mozote reconstruído. Quando enfileiravam as mulheres na praça, ela, que estava ao final de um dos grupos, aproveitou a distração do soldado em meio ao alarido de desespero e se arrastou por baixo de uma cerca escondendo-se atrás da arvore onde permaneceu por todo um dia e toda uma noite. Ela faleceu em 2007, mas deixou registrado no livro publicado pelo MUPI o seguinte depoimento:


“Yo no sabía qué hacer. Estaban matando a mis hijos. Sabía que se regresaba allá me harían pedazos, pero no podía resistir escuchar los gritos de mis hijos. No podía soportarlo. Tenía miedo de llorar ruidosamente. Pensé que iba a gritar, que me iba a volver loca. No podía soportarlo y suplicaba a Dios que me ayudara. Le prometí que si él me ayudaba, yo le contaría al mundo lo que había ocurrido aquí. Después me amarre el cabello y la falda entre las piernas y me arrastre sobre el estomago detrás del árbol. Allí había animales. Unas vacas y un perro me vieron e yo tuve miedo de que hicieran algún ruido, pero Dios hizo que estuvieran silenciosos. Me arrastre entre ellos. Cruce la calle bajo un cero de púas y cruce entre las plantas de maguey hacia el otro lado. Me arrastre lejos a través de las espinas. Cavé un pequeño hoyo con mis manos y coloque mi cara dentro de él para poder llorar sin que nadie me oyera. Todavía podía oír los niños gritando y llorando. Me quedé allí con la cara en la tierra y lloré”.


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Durante as negociações para a paz em El Salvador, já no começo dos anos 90, foi estabelecido que seria criada, com intermediação da ONU, uma comissão internacional, chamada Comissão da Verdade, para investigar e fazer público os acontecimentos que marcaram a historia país e apontar recomendações. O documento define a guerra civil salvadorenha como “loucura” e “delirante”.


Assim como no Brasil pós-ditadura, a luta por memória, verdade e justiça em El Salvador têm sido conduzida pela sociedade civil organizada. A inédita e histórica vitória eleitoral no ano passado do FMLN, o ex-grupo guerrilheiro transformado em partido institucional depois dos Acordos de Paz de 92, tem gerado expectativas positivas em diversas organizações de direitos humanos e atores políticos do país, inclusive na comunidade internacional, para a plena realização dos direitos das vitimas por justiça e reparação nesse episódio do El Mozote e em diversos outros casos de violação dos direitos humanos durante a guerra civil no país que deixou um saldo de pelo menos 70 mil mortes.


Entretanto, permanece como o grande desafio da democracia salvadorenha e da plena reconciliação nacional – analogicamente ao desafio brasileiro pós-regimes militares – a revisão da Lei de Anistia. Ela é uma norma ainda vigente que estabelece a extinção penal de todos os que estiveram envolvidos na violação dos direitos humanos durante o conflito salvadorenho. Na prática, a possibilidade das vitimas exigirem justiça com base na informação do relatório da Comissão da Verdade está vedada por esse obstáculo.


Ainda hoje, nenhuma investigação ampla foi levada a cabo no país pelo Estado, ninguém foi condenado em El Salvador e permanece a impunidade.


*Aleksander Aguilar é jornalista graduado, mestre em Estudos Internacionais pela Universitat de Barcelona e doutorando em Ciência Política pela UFPE.

Monday, 12 December 2011

Palestina sob ataque, de novo.

Comentários de pré-candidato republicano sobre palestinos causam revolta no mundo árabe (BBC Brasil)


O pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Newt Ginrich, causou revolta no mundo árabe após ter qualificado os palestinos como ''um povo inventado'' e ''terroristas''.


Mohammed Sobeih, o representante da Liga Árabe que cuida de assuntos palestinos, afirmou que ''se uma autoridade árabe ou palestina fizesse um comentário racista que equivalesse a um milionésimo do que o candidato americano afirmou, o mundo iria se revolutar''.


Durante uma entrevista, Ginrich afirmou que os palestinos são ''um povo inventado que, na verdade, são árabes e que são historicamente parte da comunidade árabe e eles tiveram a chance de ir para muitos lugares e, por uma série de motivos, nós temos tolerado esta guerra contra Israel desde a década de 40, e isso é trágico.''


Durante um debate transmitido pela TV no sábado (10/12), Ginrich defendeu sua afirmação e ainda acrescentou: ''O que eu afirmei é correto do ponto de vista factual? Sim. Alguém precisa ter a coragem de dizer a verdade. Essas pessoas são terroristas''.


O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayyad, afirmou que ''nem mesmo os colonos (israelenses) mais extremistas se atreveriam a falar de forma tão ridícula''.

Friday, 9 December 2011

Europe is splitting up and Britain will be the scapegoat

David Cameron will have delighted and united his Conservative party by wielding the veto, and will be feted as a conquering hero by most of the British press. But he faces the risk of becoming the scapegoat if the euro does collapse, a consequence with huge diplomatic consequences, probably leading to a further recasting of Britain's relations with the EU.


Will things in Europe never be the same again?


The European question: will it be splendid isolation or miserable?

It's too early to gauge the impact of Cameron's EU veto but one thing is certain: things will never be the same again

Michael White

guardian.co.uk, Friday 9 December 2011 10.52 GMT



A very scary day, not one for Red Bull on the cereal whichever side you take. I've attended enough European summits over the past 20 years to know that we don't yet understand the full implications of what was agreed in Brussels early on Friday. Nor will we until the political dust settles and the small print is scrutinised over the next few days.


But it looks like the Big One, the moment when a government in London exercised the famous British veto on an important EU matter and withdraws to the margins of the European Union, thus ending 50 years of more-or-less consistent policy. What's more I've just heard Sir Ming Campbell, pro-European pillar of the Lib Dem wing of the coalition, saying that David Cameron had no choice but to do what he has done. Wow! No split there, then – or is that premature? Read on.


"Splendid isolation" was a celebrated British boast in the late-Victorian era, but that was then, when the British Empire was still – just about – the leading world power. Within a few years, London was drawn into defensive alliances to resist the rise of Germany and the stage was set for two bloody world wars, punctuated by the Great Depression.


So is today's isolation splendid or miserable? Is it better or for worse? Well, plenty are dashing on to radio and TV to assert both options with glib over-confidence. In refusing to join the emerging fiscal union Cameron has forced the EU majority to create what are known as "inter-governmental" arrangements, not formal EU arrangements. Paris and Berlin will not be pleased.


Yet I do not hear the sound of champagne corks or celebration among British Eurosceptics. Beware of what you wish for, is a wise saying. Who knows what happens now? But Europe, for all its follies and failings, has become a scapegoat for weaknesses that are really our own. We may be about to rediscover that awkward truth. It was why we joined in the first place.


As Nick Watt reports overnight from the Belgian capital, the break point for Cameron (who kept Nick Clegg and George Osborne in touch) was the need to protect the British financial services industry – our equivalent of BMW and Mercedes Benz, 10% of the UK economy – in ways the EU majority do not want to.


They want to scapegoat the banks, in Europe and the US, for their problems. Banks are very culpable, but their poor risk-assessment policies and arrogance are not the cause of the eurozone's crisis: the zone was poorly constructed in the first place, a triumph of hope over experience.


A French diplomat is quoted as saying that Britain had come to the summit like a man attending a wife-swapping party without bringing his own wife along. An interesting comparison that one, which suggests that Dominique Strauss-Kahn's corrupting influence in French public life may be even wider than appreciated. But the analogy doesn't work. Paris has always left its wife – the common agricultural policy – at home, she's got a headache. It bends rules it devised when it suits its needs, always did: check it out. In wanting to stuff the City of London it was bringing along someone else's: ours.


Never mind, a British moneyman has just boasted on the radio that Britain's refusal to join the newly integrated fiscal union means it has just avoided boarding the Titanic. My personal prejudice lies that way, too – I can't see the democratic politics or the growth-denying economics of the eurozone working over the long haul – but I am not so confident as chummy is that we are right.


The Germans may be right, they may impose their will on France and other weaker neighbours or insist that transactions denominated in euros must be conducted within the eurozone, bad for the City. But they may also be wrong – the details of the very urgent eurozone bailout are far from complete and markets are falling – but the process of finding out will damage us as well as them. The Chinese will be watching scornfully.


Pro-European thinktank buff Charles Grant is on BBC Radio 4 saying it's a bad day for Britain which is left with only Hungary as its sole ally on the fringe of Europe – not a good place, to be sure. Actually, the Czechs and the Swedes (always a significant player) have not signed up either. As I say, it's very unclear at this stage.


Cameron has played a weak hand badly, says Labour's foreign affairs spokesman, Douglas Alexander. He's failed to nurture allies (remember, how he and William Hague walked out of the Euro-Tory group, the EPP, at Strasbourg?), he refused to help fund the Greek bailout and told Angela Merkel only last March that he didn't want to be in the room when the eurozone's problems were under discussion.


Well, he won't be now, even though he's changed his mind. The official position of British ministers – Hague has just been on air, too – is that if the 23 (or group of 25?) want to do things they can't use the EU's official machinery because the fiscal union is not a European Union matter, but an intergovernmental one, as France, the champion of nation states (especially its own), prefers.


There will be a lot of fuss about such principles and practices, but it won't hold. There is now a two-speed Europe, a Europe of variable geometry, as Hague has just explained. There are lots of just such examples, the Schengen agreement on border control (not working very well) or the Anglo-French defence co-operation agreement. Life will go on, he says.


Hague may not be crowing because he's got what he always wanted and Lady Thatcher would want too if she's still watching TV: a free-trade relationship with Europe, a bit like Switzerland, one Tory MP – the wonderfully named Mark Reckless – suggests. Not crowing will make it easier for Clegg and Co to bite the bullet. Ming Campbell's soothing words on BBC Radio 4's Today programme suggests it won't be too hard: power binds them in.


We'll find out some of the answers in the coming days and weeks – as well as the more important issue of whether the necessary steps are being taken to shore up the weaker members of the eurozone. My hunch is that they have not done it.


The financial muscle of the German surpluses has not yet been deployed to protect the borrowers, the Germans still want their money back. The European Central Bank is not yet the lender of last resort with the monopoly power to print electronic money and float the zone – and us – off the rocks of recession. Or do I mean the iceberg?


Is the European commission weakened, bypassed even, by what is in the process of being sewn up in its home city this weekend? Is the single market – central to Britain's vision of a free-trade Europe, looking outward to the world – weakened too? France and Germany do not share that Anglo-Saxon preference.


These issues are far bigger than our domestic politics. But they matter, too. I cannot see how the Eurosceptic Thatcherite right, which does not like or trust David Cameron, can do anything other than praise him for standing firm and protecting his vision of British sovereignty. How much British sovereignty will prove to be worth remains to be seen.


There again, they praised John Major's opt-out negotiation at Maastricht, too – at the start.


Labour will support the outcome but say that coalition carelessness forced Cameron into a binary choice that better diplomacy could have avoided. Ed Miliband will be right about that, but it will not make much difference. Public opinion, the bombastic faction and the tabloids will be pleased; for now. The dilemma is the Lib Dems' dilemma. A lot of people in the party, MPs and ministers too, will be very very unhappy.


Even David Owen – ex-Labour foreign secretary and SDP leader – who is brilliant but erratic, says he is unhappy, though he too opposed the euro. We didn't vote for this. Cameron had no mandate to isolate us, he is already saying. Lord Owen has no army to lead. But he remains formidable and will be talking to others.


If there are any Lib Dem ministers unhappy with the coalition, fired up with principle or ambition, now would be the time to "do a Robin Cook" and resign with maximum impact. I have not a scintilla of evidence to suggest Chris Huhne may be thinking hard today. He is clever, ambitious and pro-European. The Tories are being nasty about his green policies, the brutes, and he has unresolved issues over speeding points with the Essex constabulary.


Just a thought.

Tuesday, 6 December 2011

Original OlindaStyle

“E agora tá um por de sol alaranjado fantástico aqui. Um lugar perfeito pra curtir o veraneio”


O titulo desse post é o nome de um dos álbuns anteriores da Eddie que acabou se tornando, com justiça, também o nome de um “gênero próprio” que define a banda. Já Veraneio, no entendimento do próprio grupo, marca seu crescimento evidente. "Penso ter alcançado um desenvolvimento de nossa musicalidade, nosso jeito de compor e tocar, montando e contando nossas histórias com narrativa Original Olinda Style. Um jeito de ver Olinda por todas as cidades, e de ver em todas as cidades as Olindas que elas são. Música com nosso sotaque pessoal, mas falando na língua da música do mundo", resume o vocalista Trummer, no release de divulgação do álbum, novinho em folha, de uma das melhores bandas aqui de Pernambuco.


Desde o início, com o que rotularam de manguebeat, que a música de Pernambuco trabalha muito independente do formato da indústria e nunca parou.


Neste último semestre houve o lançamento de, ou está no forno, novos álbuns de mais de uma dezena de artistas importantes deste Estado: Karina Buhr, Lirinha, Junio Barreto, Otto, Naçao Zumbi, Orquestra Santa Massa... Ótima coincidência, constatação de que a cena está mais rica do que nunca, mas também, como afirmou Trumman, em entrevista ao O Globo, “é importante parar de pensar só como música pernambucana para perceber que o que está crescendo é a ocupação dos espaços pela música brasileira”.


Trummer é Fábio Trummer (guitarra, craviola e voz) e os demais membros da Eddie são Alezandre Urêa (percussão e voz), Andrét Oliveira (trompetes, teclados e samplers), Kiko Meira (bateria), Rob Meira (baixo). Neste quinto CD da banda a originalidade característica do Eddie se revela mais afiada, mantendo os grooves peculiares, agora arredondados na maturidade sonora e ampliando seu espaço de experimentalismo com punk rock, surf music, frevo, samba, reggae, entre outros estímulos. "Nossa música é orgânica e não segue padrões de exatidão. Fazemos uma música popular urbana do Brasil", diz Trummer.


Como em trabalhos anteriores, Veraneio é independente ."Foi todo pensado e pago com nossas estratégias de trabalho", explica Trummer. Eduardo BiD, produtor amigo de encontros sonoros antigos, assina a produção. Participam ainda Otto, em "O Saldo da Glória", sua em primeira parceria musical com a Eddie; Junio Barreto canta em "Parque de diversão" e "Tanta coisa na vida". Karina Buhr, presente em quatro dos cinco CDs da banda, também canta "O Saldo da Glória" e "Parque de diversão". "Lirinha nos deu um presente: Ela vai Dançar , parceria e parceiro 100% algodão, poesia caminhante", observa Trummer, que também destaca a presença do maior parceiro do Eddie, Erasto Vasconcelos, que canta e divide a autoria em "Parque de Diversão".


Ainda não há muitos vídeos desse álbum disponíveis no YouTube, mas deixo uma amostra, "nao-oficial", que encontrei.


O álbum Veraneio está inteirinho disponível para download no site da banda.



Sunday, 4 December 2011

Música do domingo

Alceu Valença - esse "espelho" de Pernambuco, nas suas proprias palavras - será o homenageado do carnaval multicultural 2012 de Recife.


E eu moro (pelo menos por mais um pouquinho) em Boa Viagem.