Wednesday, 29 June 2011

"grená foncé tipo Château Pétrus e azul cerúleo equatorial" - Ivan Lessa pra quem pode!

Eu já falei aqui antes – já há algum bom tempo, na verdade – que sou fã do Ivan Lessa. E reitero a afirmação, não porque o velho mereça a minha particular opinião, pois acredito que ainda que soubesse desse viajante ele não se importaria muito nem faria caso da minha “fanzice”, mas simplesmente porque aquilo que é bom, data venia, merece ser celebrado.


E aqueles que reconhecem o que é bom poderão dizer que é fácil gostar do Ivan Lessa, do mesmo modo que um dia ouvi que era fácil torcer pro Barcelona (sim, internacionalmente eu sou Barcelona!), e sem querer comparar o texto de Lessa com o toque de bola do Barça, digo que bom- gosto de fato não se discute.


Lessa é a personificação sofisticada daquela expressão vulgarizada, quase clichê, da fina ironia. Aquela que muitos buscam e poucos alcançam. Claro, foi o editor do historicamente-histórico jornal O Pasquim e só isso explicaria sua importância e qualidade. Mas ele também mora há uns 40 anos na Inglaterra, e de lá é colunista da BBC (“pago para dar palpite”, como define) e isso também deve tê-lo ajudado a desenvolver essa certa característica de motejo, digamos assim...


Enfim, li sua coluna hoje e não resisti compartilhar aqui no blog, não porque esse seja seu melhor texto, senao porque é sempre bom aprender.


ENTREVISTA EXCLUSIVA COM UM ILEGAL


Blam! Não sei se essa é a onomatopeia correta para o fechar das seculares portas da União Europeia para estrangeiros desqualificados, ou seja, que não pertençam à UE. Fato é que seja com “Blam!”, “Kaboom!”, “ou “Plaft”, a entidade não está mais aceitando essa “gentinha à toa”, conforme dizem os burocratas da Comunidade à boca pequena, sub rosa e sobre cravo.


Fiquei sabendo do fato, pouco divulgado nos meios de comunicação britânicos devido ao advento de Wimbledon e de fotos e videoclipes ousados de Beyoncé, aqui mesmo neste site, que eu continuo cismando de chamar de sítio, em homenagem ao conhecido racista, o mulato Monteiro Lobato, e algumas de suas criações, tais como Emília, o Visconde de Sabugosa, Narizinho Arrebitado, Pedrinho e a afro-descendente Tia Nastácia.


Lá estava, e o leitor curioso poderá encontrar fácil, uma bela reportagem sobre o evento em questão. Dou um pequeno resumo dos fatos mais salientes e assanhados antes de prosseguir com meu furo jornalístico.


Consta, e não há motivo para se duvidar, que 6.072 brasileiros foram barrados no bloco ou entrudo da UE em 2010. E isso só em aeroportos. Pesquisas por mim levantadas revelaram que outros meios de transporte são mal vistos por nossos conterrâneos ou por eles desconhecidos.


O navio é um exemplo maior. A jangada, um bem menor. Um entrevistado (aguentem, ele vem aí) garantiu que não sabe montar uma jangada, mostrando até desconhecimento da existência do romântico e letal meio de transporte e vida imortalizado pelo nosso grande Dorival Caymmi em várias de suas românticas obras-primas.


Os dados foram adiantados pela Frontex, que, assim mesmo, com nome de traje de banho ousado feminino, cuida do controle de fronteiras da UE. Os brasileiros constituem, ainda, o 6º grupo com permanências ilegais flagradas. Trinta por cento dos “brazucas” (sejamos docemente íntimos e vulgares) preferem a Espanha, onde, acreditam, a língua não chega a ser problemas, pois a maior parte de nossos imigrantes considera o espanhol uma vil corruptela do nosso nobre português.


Por falar em Espanha, 1.813 compatriotas nossos são enviados de volta para o Brasil, coitados, coitado. Um dado de que a BBC Brasil não se ocupou muito: a diferença entre “estada” e “estadia”. Ao que parece uma é coisa de marinha mercante, outra de permanência. Mas não me perguntem qual. Nem a qualquer entrevistado, com destaque para (calma, ele está tomando um caipirinha).


E à França, nada? Um pouco. Apenas 673 barrados e enviados de volta. O entrevistador perguntará ao entrevistado se ele acha que a crise econômica não tem mais o mesmo encanto para aqueles que querem, ao menos, uma mesa de restaurante para limpar. E já adivinho a resposta: “Ahn...Hem? O quê?!”


Voltando a 2010, embora o passadismo não esteja com nada, 13.669 brasileiros vivem, ou “vivem”, ilegalmente em algum país da UE. A maioria, rolando no chão de achar graça, prefere Portugal e seus habitantes, para eles “uns... ahn...pândegos”, Espanha e França. Afeganistão, Albânia, Sérvia e Argélia estão na nossa frente em matéria de se mandar para cá no peito e na marra, com muito lenço e sem nenhum documento.


Da América Latina, nenhum outro país têm barrado em aeroportos, ou onde quer que seja, imigrantes ilegais. Nem mesmo o Paraguai, país que teve a gentileza de nos ceder às cores de sua bandeira (grená foncé tipo Château Pétrus e azul cerúleo equatorial) para ilustrar este sítio que V.Sa. tem diante dos olhos.


E que ainda não entrevistou o brasileiro ilegal sediado e residente em Londres, pombas! Ambos, entrevistador e entrevistado, deverão se quedar no anonimato por motivos óbvios. Lá vão as perguntas (P) e respostas(R):


P – Como é que você se sente vivendo na ilegalidade?

R - É, ahn, mais ou menos, assim, sacumé, tem, ahn, seus momentos.

P - Você tem saudades do Brasil?

R - Depende, ahn, assim, do, quer dizer, ahn, ponto de vista, né?

P - Quais os seus planos imediatos?

R - Ahn, que quer dizer, ahn, “emediato”?

P - Solta minha mão.

R - Não. Me dá um beijim.

P - Solta minha mão, eu estou pedindo com modos.

R - Não solto. Só um beijim.

P - Você quer que eu chame a polícia?

R - Ahn, não.


(Esta entrevista tem direitos exclusivos reservados. Proibida sua reprodução, in Totó ou parcial, sob qualquer forma ou espectro. Muito obrigado.)

Tuesday, 28 June 2011

Matriarca salvadoreña


¡Que “chivo” ver en la foto la bandera de Gran Bretaña, al fondo, que se la di, a pedido de ella (la abuela colecciona banderas de los diferentes países donde viven los miembros de la familia) cuando me fui de Londres a vivir en San Salvador!


Mi abuela Elisa cumplió el pasado domingo los 88 años y los celebró, allá en la histórica casita de Santa Tecla, con parte de la familia Aguilar. Ahí se ven la abuela, tía Arely, tío Fredy, tia Irma, Paola, y seguro que Arely Sofia es quien sacó la foto J


Sepa abuela, y familia en todos los rincones de este mundo, que los llevo siempre muy cerca y ojala pronto los pueda reencontrar nuevamente. ¡Felicidades abuela!


Saludos guanacos

Thursday, 23 June 2011

Textos curtos para Ítaca XIX

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas idéias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstâncias que, sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.


Esgarço


E em trocadilhos emendo, te digo protestos, recobro com redes meus eternos projetos, tino trombones, tímpanos, alfaias, incólumes golpes de rabo de arraia, resgato pedaços de moleskine, notas sobre baleia, livros de contos peregrinos, e velhas bruxas ouvindo cânticos na varanda – tudo tristemente jogado, pra quando logo perdido, numa sacola plástica azul.

Friday, 17 June 2011

I am having my work exhibited in Cyprus: See Memory



I am delighted to have been invited to release some of my work – which is the result of my academic and artistic research in the field of one of my main interests – to take part in such symbolic and interesting exhibition in the cultural institute Apotheke, in Cyprus, curated by Demetris Taliotis and Evi Tselika.


Being given this opportunity to showcase a few results of my efforts in researching historical memory and conflict transformation in that fascinating and exciting “Eurasian” island was both a surprise and a honour - especially coming alongside the renowned artist Victor Cartagena.


Thank you very much.


SEE, MEMORY

Victor Cartagena / Aleksander Aguilar

16-25th June 2011



...As a first instalment of a programme of exchange and collaboration between APOTHEKE and The Museum of Art of El Salvador (MARTE), APOTHEKE presents 'See, Memory', an exhibition of works by the Salvadorian artist Victor Cartagena and the Brazilian-Salvadorian media artist-activist Aleksander Aguilar.


Exploring notions which have an ever-present and privileged position in Cypriot discourses, such as that of political memory, of the iconography of the traumatic, as well as that of the aesthetic and visual configuration of post-traumatic elucidations of the personal and the local, 'See, Memory', more than an exhibition is also the inauguration of an extensive research process into all the above, amongst artists, cultural agents, collective and organisations from Cyprus and El Salvador.


  • Victor Cartagena, one of the most important Central American contemporary artists, was born in El Salvador but abandoned it in the late 1980's, in the midst of the country's long running civil war (1980-1992) to move to San Francisco. Through this highlighted spatial distance, Cartagena's multifaceted artistic practise has been shaped into a continuous commentary on the past, a critical re-appraisal of memory as a violent absence, of remembrance as the present relic.

  • Aleksander Aguilar is a Brazilian-Salvadorian artist-activist who creatively researches and actively participates in social conflict resolution processes in both countries. At ‘See, Memory’ Aquilar presents a series of images, which are the result of his collaboration with Salvadorian ex-guerrilla fighters as well as of his research at the historical memory archive at the Museo de la Palabra y la Imagen (MUPI). In acute awareness of the political significance of montage, Aquilar's work exposes and juxtaposes various images that playfully probe the memory of civil war and explore how the visual narrates the procedure of conflict and remembrance. Aquilar's work has been exhibited in Brazil, Spain, the U.K. and, of course, El Salvador.


SEE, MEMORY


Victor Cartagena / Aleksander Aguilar

Opening Hours: 17:00-21:00, Monday-Saturday,17-25th June 2011 or by appointment

Info: 99764816 / www.apothekecontemporaryarts.com

APOTHEKE, 23 Kleanthis Christofides Street, Nicosia, 1011, Cyprus

Friday, 10 June 2011

Aprendizados de São João

Na “Caminhada do Forró” na noite desta quinta, abertura oficial das festividades de São João em Recife, ouvi esses versos declamados no meio de um dos forrós que animava a Praça do Arsenal. Não sabia de quem eram, mas fui atrás. E descobri Rogaciano Leite.


Sorrir e Cantar


Cantar é sempre o que a fazer eu ando

Sorrir é sempre o meu prazer infíndo

Se canto e rio, é porque vivo amando

se amo e canto e porque vivo rindo

Se o pranto morre quando nasce o canto

Eu canto e rio pra matar o pranto

E gosto muito de quem canta e rí

Logo bem vês por esses dotes meus

Que quando canto estou pensando em Deus

E quando rio estou pensando em ti



Sunday, 5 June 2011

MLST: Marcha da Reforma Agrária do século XXI e Transformaçao de Conflitos

Como sabem, companheir@s, e quem mais porventura acaba tendo a (in)fortuna de clicar neste blog, estou presentemente morando em Recife. E aqui trabalho com movimentos sociais e terceiro setor, (nesse caso, honestamente, ainda me é mais fácil dizer em inglês “social development e international co-operation”) com planejamento e gestão através de pesquisa e elaboração de projetos com base nas disciplinas de Transformação de Conflitos – formulação teórica ainda não consolidada no Brasil e para a qual, no campo da cooperaçao, cada vez mais se incorpora formalmente uma “perspectiva de transformação de conflitos”, a exemplo da já consuetudinária, por assim dizer, “perspectiva de gênero”.


A arena dessa aplicação, neste caso, é a reforma agrária brasileira, em parceria com o MLST, particularmente no que tange os conflitos sociais na região do complexo portuário-industrial de Pernambuco, Suape, causados pelos massivos macro-investimentos econômicos que se tem recebido ali.


Mas o MLST é uma organização com um projeto nacional para a reforma agrária, e numa aposta de peso e corajosa, promove este ano uma atividade de massa que promete dar uma enorme chacoalhada no estado apático que tem caracterizado o debate sobre a questão do campo brasileiro nos últimos anos: a Marcha da Reforma Agrária do Século XXI! E é assim que eu vou, com altos e baixos, mas com orgulho.





MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DOS SEM TERRA


Direção Nacional MLST




O MLST, movimento social pela reforma agrária no Brasil e organizado em dez estados da federação, este ano vai marchar!


A Direção Nacional do MLST reunida na cidade de Goiânia, estado de Goiás, nos dias 1, 2 e 3 de junho, depois de um intenso debate com a sua militância, decide realizar no mês de agosto uma atividade de massa que promove o debate sobre a transformação da estrutura agrária no Brasil: a Marcha da Reforma Agrária do Século XXI.


A Marcha da Reforma Agrária do Século XXI sairá de Goiânia no dia 21 de agosto e chegará a Brasília no dia 7 de setembro para participar do Grito dos Excluídos. As cidades por onde a Marcha passará serão divulgadas no Ato de Lançamento Oficial da Marcha.


A Marcha Nacional terá como ponto de partida o lançamento da Empresa Agrícola Comunitária de Laticínios no Assentamento Che Guevara, município de Itaberaí/GO, também no mês de agosto.


O mês escolhido para a realização dessa Marcha tem um simbolismo importante porque é quando se comemora o aniversário de 14 anos de lutas do MLST.


O principal objetivo é dialogar com a sociedade sobre os temas centrais da promoção da vida digna no campo, onde a questão do empoderamento dos trabalhadores e trabalhadoras, a equidade de gênero, a juventude, a agroecologia, os pólos de desenvolvimento, os acampamentos produtivos e os assentamentos inteligentes conformam os eixos de uma concepção política transformadora do campo brasileiro.


O carro-chefe do projeto político do MLST, com base nessa proposta, é a implantação das Empresas Agrícolas Comunitárias como alternativa econômica, social e cultural, onde o embate central se dá contra o modelo de agricultura convencional desenvolvido pelo agronegócio que tem como foco a degradação ambiental, a concentração de terras e o comércio de commodities com o uso intensivo de agrotóxicos.


MLST, nossa luta é pra vencer!


Contatos:

Aparecido Ramos – Membro Direção Nacional - GO (62) 9917 – 7981 ramosfaria@gmail.com

Bruno Maranhão – Membro Direção Nacional - PE (81) 9635 – 8623 | maranhaobruno@hotmail.com

Jutai Moraes – Membro da Direção nacional – BA (71) 9965-0022 e 9104-1548 / jutaimj@bol.com.br







Thursday, 2 June 2011

Hélio e Vanda, 71 anos de casados




Nem todos os vinhos melhoram com o tempo. Somente os especiais. Hélio e Vanda, assim como esses vinhos, receberam do tempo todos os aromas e todas as cores que geraram uma história com esse sabor excepcional e cheio de dignidade. Uma delicada e intensa receita de empenho, entrega, paciência, amor.


A família Stainki Antunes orgulhosamente anuncia que Hélio e Vanda cumprem 70 anos de casados e você está convidado para participar da celebração desta safra.


(*Texto do convite da festa de Bodas de vinho dos meus avós, no ano passado.)

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No ano passado, precisamente nesta época, estava próximo de voltar para Londres depois de três semanas no Brasil fazendo uma visita de (re)-reconhecimento ao país tendo em mente a possível estada aqui no território nacional, (por um tempinho...) organizando, reorganizando-se...


Mas prioritariamente minha visita foi para participar de um “evento histórico” familiar: os 70 anos de casados dos meus avós maternos. Sim, de casados! 70 anos de casados.


Comemorou-se as Bodas de Vinho dos meus avós, uma data tão importante que mobilizou esforços da família para a realização de uma festa que reuniu a parentada espalhada mundo afora.


Ontem, 1 de junho, Helio Francisco Antunes e Vanda Stainki Antunes cumpriram os 71 anos de casados!


Por incrível que pareça, não tenho, ainda, nenhuma foto da festa dessa Boda dos Vinhos (!!), mas tenho esse breve e simplesinho vídeo caseiro feito pelo primo Júnior-alemão.

Acima seguem fotos do casamento, dos 50 e dos 60 anos de casados do seu Hélio e da dona Vanda. Ainda terei as fotos dos 70 anos e publicarei aqui!


Vô e Vó, meus parabéns, com todo orgulho e afeto.