Os textos nao foram produzidos pelo proprio veiculo, mas sim pelo Espanhol El Pais. Ambos veiculos possuem um convenio, imagina-se, pois o jornal salvadorenho com frequencia publica artigos (geralmente de teor historico-politico) feito pelo veiculo espanhol. A chamada dos artigos sobre a Bosnia e sobre a Espanha, no entanto, eh redigido pelos editores do caderno salvadorenho. E para o primeiro texto, que trata da recente prisao do criminoso de guerra serbio Raduvan Karadzic, a chamada afirma: “a prisao do autor intelectual do massacre de Srebrenica (oito mil homens mortos em tres dias em 1995) parece indicar que eh serio o desejo da Serbia de virar a pagina da sua recente historia negra”. Para o segundo, sobre as novidades da guerra civil espanhola, a chamada destaca: “por decadas o medo ocultou a historia da repressao franquista. Do mesmo modo que em El Salvador, nenhum governo (espanhol) promoveu uma investigacao ampla sobre os executados e desparecidos”.
Essa eh a ironia, porem, da tambem recente e negra historia salvadorenha. O pulgarcito de America tambem quer, ou diz que quer, ha 17 anos, virar paginas de dor. Mas ao contrario da Serbia, punir os criminosos, rechazar a impunidade e manter viva a memoria nem sempre foi – e muitas vezes nao eh – entendida como a prova seria dessa disposicao. E ainda menos da Espanha, onde efetivamente, ainda que com 70 anos de atraso, discute-se sobre justica. (Vale nota – a iniciativa na Espanha foi tomada pelo mesmo juiz, Baltasar Garzon, que em 1998 tentava processar o ditador Augusto Pinochet).
Os periodicos de El Salvador publicam analises vinda da Espanha sobre o enredado conflito nos Balcas tendo como eixo que a punicao dos envolvidos eh a porta de entrada para a verdadeira reconstrucao. Enquanto isso, El Salvador, para atos de mesma dimensao e demencia, continua ignorando-se e sendo ignorado. O pais quer esquecer em lugar de tomar consciencia critica e isso faz com que, como nacao, se mantenha esquecido; quer aproveitar a suposta paz alcancada para converter-se em um pais turistico atrativo para os gringos e europeus em lugar de promover a paz verdadeira com sua historia.
Em nivel latinoamericano, um dos resultados dessa postura eh que o nosso conhecimento e atencao, como brasileiros por exemplo, esta mais enfocado na dissolucao da Yoguslavia do que nos fenomenos e dores, com semelhanca de carater e origem, que nosso continente sofreu.
Conhecemos a historia de My Lay (Vietnam), mas nao temos a menor ideia do que foi El Mozote. A America Central, quase sempre, eh um pedaco de terra entre o sul e o imperio onde houve guerras, ha vulcoes e as vezes ocorrem terremotos e nem nos envergonhamos dessa grotesca e absurdamente rasa ideia que temos do nosso proprio continente.
MOZOTE ESQUECIDO
O episodio ocorrido em El Mozote eh um dos maiores massacres cometidos contra civis na historia recente da America Latina, com pelo menos o dobro de vitimas que My Lay e quizas levado a cabo com mais requintes de crueldade do que o da vergonha realizada na aldeia vietnamita.
Para a geracao pos-guerra de El Salvador, contudo, El Mozote eh um fato distante, no tempo e tambem no espaco, apesar do cenario da matanca estar ha menos de 300 km da capital, San Salvador. Para muitos salvadorenhos, o que era um remoto rincao do oriente do pais ha 27 anos, segue sendo tao inospito quanto a confusa ex-Yoguslavia.
Tendo a chance de trabalhar como professor em El Salvador, numa renomada instituicao de carreiras tecnicas do pais (ITCA, uma especia de CEFET), por vezes surgia a oportunidade de averiguar a impressao e o conhecimento dos salvadorenhos nascidos durante ou ao final dos Acordos de Paz, jovens em media na casa dos 20 anos, e o que se percebe eh muita desinformacao e pouca esperanca. Pergunte numa sala de aula com 40 estudantes sobre o que foi o massacre de El Mozote e menos de cinco maos se levantarao para dizer que o nome soa familiar.
PARA CHEGAR AO MOZOTE
Estive no Mozote, em agosto deste ano, com um grupo de tres admiraveis pessoas, para conhecer in locu esse lugar de tamanho simbolismo para a historia do nosso continente.
Sem veiculo proprio, como em muitos destinos de El Salvador, o acesso nao eh muito simples, embora as estradas sejam bastante boas. A falta de um sistema de transporte decente no pais (tema de outro futuro post) faz com que a viagem seja uma jornada. Saimos a tarde do deprimente Terminal do Oriente de San Salvador com destino a San Miguel de onde se toma outro onibus. Ao chegar ai, pouco depos das cinco da tarde, ja nao ha transporte ate Perquin, a nao ser as famosas e populares traseiras de camionete em uma viagem de duas horas ate Francisco Gotera para dai agarrar outra pick-up... Decidimos passar a noite em San Miguel num hotel de sete dolares cada quarto para as seis da manha seguinte estarmos viajando direto ate Perquin em onibus. Depois de mais tres horas, chegamos ao vilarejo onde esta o Museu da Revolucao Salvadorenha, um pequeno predio, organizado por ex-combatentes, que abriga armas usadas na guerra, cartazes, fotos, cascos de bombas de 500 libras e ate os carros utilizados por dois dos cinco comandantes do FMLN durante a guerra, Schafik Handal e Joaquin VillaLobos.
Visitamos o museu pela manha com a ideia de ir ao Mozote pela tarde, mas depois das 13h ja nao ha nem pick-ups que passem pelo desvio de Arambala, de onde temos que tomar outro onibus para, por fim, chegar ao cenario do massacre. Isso fizemos na manha seguinte, razao pela qual tivemos que pernoitar outra vez, mas agora nao num pequeno e barato hotel, senao numa casa de hospedes que poderiamos chamar de cara (dada as curiosas condicoes, para dizer o minimo,) de Perquin chamada “Casa da la Abuelita”.
Assim chegamos ao Mozote. Uma minuscula vila, entrada nas montanhas do oriente do pais, quase na fronteira com Honduras, onde hoje, de diferente do Mozote do inicio dos anos 80, imagina-se que esta apenas o monumento a memoria do massacre (vide foto no inico do post) e um “posto de informacao turistica” em frente a igreja.
Alguns minutos depois de descermos do onibus – com mochilas e caras de turista – no meio da silenciosa e polvorenta vila, uma jovem se aproxima disposta a nos contar a historia. Ao redor, so se ve meia duzia de residencias; a igreja; o passo eventual de uma crianca ou adolescente de bicicleta; dois ou tres homens, depois da cerca, com lenha ou apetrechos de trabalho agricola nas costas; alguns cachorros famintos perambulando; um poco pintado de branco de onde se ergue um alto bambu com uma bandeira vermelha do FMLN no topo e uma pequena mercearia de onde nos observa uma senhora gorda, sentada em frente a diminua praca onde esta o monumento a memoria do massacre que guarda os restos mortais de um milhar de pessoas assassinadas. Eh ali, em frente aquela placa de metal recortada na forma da silhueta de uma familia, colocada em frente a um muro de tijolos com os nomes das vitimas, que ouvimos a “guia turistica” do Mozote nos contar sobre a triste historia da miseravel vila e recorrer os lugares exatos das execucoes, dos escombros das casas que resistiram aos incendios provocados pelos soldados para esconder a vergonha da barbarie ali cometida.
VERGONHA ESCONDIDA
Durante 11 anos uma mulher, Rufina Amaya Marquez, foi diante de todo o mundo a unica testemunha do massacre, mas pouca gente lhe dava credito. Ela foi a unica pessoa que, milagrosa e bravamente, sobreviveu a asquerosa operacao “Yunque y Martillo” do famigerado Batalhao Atlacatl do exercito salvadorenho no dia 13 de dezembro de 1981, quando foi morta toda a populacao de mais de mil homens, mulheres, criancas e idosos do pacifico vilarejo El Mozote e arredores.
Ate outubro de 1992, ano em que a guerra civil de pelo menos12 anos em El Salvador por fim havia terminado, Washington teve sucesso em manter o crime em segredo; enterrado entre mais de mil cadaveres no extremo oriente do pais.
Rufina, que viu seu marido e quatro filhos (um deles de oito meses de idade que lhe foi arrancado do peito) serem assassinados, conseguiu, com uma extraordinaria forca psicologica, contar a historia ao mundo. Seu relato,comprovado por jornalistas norte-americanos, foi manchete do The Washington Post e do The New York Times apos a Radio Venceremos (orgao de comunicacao da guerrilha) ter denunciado o massacre, mas a Casa Branca, que naquele momento, comeco de 1982, debatia se manteria ou nao mais apoio para o governo ditatorial salvadorenho combater a guerrilha, precisava desacreditar o relato que, no periodo intrincado da Guerra Fria, deixava o pais entre o dilema de manter a “seguranca nacional” e o suposto respeito aos direitos humanos (ja que os politicos americanos estavam cientes do nivel de violencia em El Salvador) que os Estados Unidos julgavam, e julgam, exercer.
O massacre de El Mozote eh provavelmente o maior da historia contemporanea latino-americana.
“SECAR O RIO”
No dia 1 de dezembro de 1981, Jonas, o lider guerrilheiro em Morazan, informou a Santiago, diretor da Radio Venceremos, que havia sido confirmado um operativo militar de grande envergadura na regiao denonominado pelos oficiais do exercito de “Yunque y Martillo”. O governo salvadorenho queria “resgatar” Morazan das maos dos guerrilheiros pois os revolucionarios tinham grande influencia no Oriente do pais e praticamente o controle politico da regiao. Os oficiais salvadorenhos temiam que se a guerrilha nao fosse retirada de Morazan, o pais, o menor de todo o continente Americano, com apenas 21 mil km quadrados, pudesse terminar dividido em dois.
O batalhao de elite do exercito, o Atlacatl, treinado pelo carismatico e truculento coronel Domingos Monterrosa (homem de confianca dos norte-americanos e formado em diversas capacitacoes militares yankees) era uma classe diferente da maioria dos soldados salvadorenhos. Eram mais ferozes, mais professionais e muito melhor equipados. Sempre com dinheiro e estrutura norte-americana. Nesse periodo os EUA haviam dado um passo em frente no financiamento da guerra (que totalizou 500 milhoes de dolares, oficialmente, entregues ao governo salvadorenho para combater a guerrilha) mas nao estavam dispostos a envolver seus soldados diretamente, ja que o pais ainda estava sob a ressaca historica do Vietnam, e nao soh permitiram como estimularam que El Salvador vivesse 12 anos de fraticidio.
A missao do batalhao Atlacatl era colocar em pratica as medidas necessarias para “exterminar o cance”, “cortar o mal pela raiz” ou, segundo o propio coronel Monterrosa, “secar o rio para evitar que os peixes crescam”. O Mozote estava dentro da zona controlada pela guerrilha, mas os rebeldes nao eram capazes de oferecer aos civis suficiente protecao. Em uma operacao do exercito de grande porte, que neste contexto posteriormente se mostrou orientada pela politica de “tierra arrasada”, a populacao civil tambem tinha que fugir.
Mas a populacao do Mozote, no inicio daquele mes, decidiu ficar.
MARCOS DIAZ
Como em muitas outras comunidades do Departamento de Morazan, a populacao se esforcava em manter-se neutra durante a guerra e muitas vezes, de fato, tinha medo da guerrilha. Contudo, foi a confianca no exercito, e em Marcos Diaz, que levou todo o vilarejo a morte.
O dono da unica mercearia da comunidade, considerado o homem mais rico do Mozote, organizou uma plenaria em frente a sua casa em dezembro de 81 onde contou aos moradores o que lhe haviam dito em San Miguel, cidade do Oriente de El Salvador localizada ha tres horas do pequena vila onde ele fazia as comprar para abastecer sua lojinha.
Um oficial do exercito lhe garantiu que, apesar da operacao militar estar realmente dirigindo-se ao Mozote, o melhor a fazer era ficar na vila e permanecer nas casas para nao correr o risco de que os soldados os confundissem com guerrilheiros em retirada.
Marcos Diaz confiou no seu conhecido no exercito e a populacao do Mozote confiou em Marcos Diaz.
A maioria ficou na vila, sabendo que o exercito viria, mas confiantes de que, ja que nao eram colaboradores da guerrilha, nada de mal lhes ocorreria. A confianca converteu-se em decepcao e morte e para Marcos Diaz, quicas, uma maldicao. O batalhao Atlacatl estava ali para levar a cabo uma estrategia politica, extipar o cancer, secar o rio, dar o exemplo.
Oficialmente, a missao era aniquilar a Radio Venceremos. A radio da guerrilha era a obsessao do coronel Monterrosa que nao admitia e se enfurecia com a sua existencia. O Atlacatl foi ao norte de Morazan, com destino a Guacamaya, onde de fato foi um dos lugares de funcionamento da emissora. Porem a inteligencia da guerrilha ja havia tomado conhecimento do operativo e o coletivo da radio partiu do acampamento muito antes da chegada do Exercito.
Durante seu trajeto a Guacamaya, o Atlacatl aterrorizou e assasinou em Perquin, em Torilas e no Mozote cumpriu sua missao de barbarie atraves do “tierra arrasada” ao matar os mais de mil civis pacificos, sem vinculacao com a guerrilha, incluindo idosos, mulheres e criancas de colo.
O batalhao levou dois dias para cumprir o se pode chamar de ritual. Dividiram a populacao entre homens, mulheres e criancas; cada grupo encerrado em uma casa da comunidade.
Os homen, que estavam na igreja, foram os primeiros. Foram levados em pequenos grupos atras do predio e metralhados e os que ficavam agonizando eram decapitados a facao. As cabecas, cujos craneos foram encontrados anos mais tarde, foram amontoadas perto da sacristia.
Pouco depos do meio-dia daquele 11 de dezembro de 81 foi a vez das mulheres. Os soldados selecionavam as mais jovens e as arrastavam para os cerros nos arredores. As outras ouviam os gritos das que estavam sendo estupradas. Depois, os soldados voltaram as casas e comecaram a separar as maes dos filhos. Grupo de mulheres eram levadas a execucao na pequena praca da vila e a casa aos poucos enchia-se de orfaos aos prantos.
Rufina assisitia todo o repugnante ritual escondida atras de um pe de maca, que ainda existe no Mozote reconstruido. Quando enfileiravam as mulheres na praca, ela, que estava ao final de um dos grupos, aproveitou a distracao do soldado em meio ao alarido de desespero e se arrastou por baixo de uma cerca escondendo-se atras da arvore onde permaneceu por todo um dia e toda uma noite.
“Yo no sabia que hacer. Estaban matando a mis hijos. Sabia ue se regresaba alla me harian pedazos, pero no podia resistir escuchar los gritos de mis hijos. No podia soportarlo. Tenia miedo de llorar ruidosamente. Pense que iba a gritar, que me iba a volver loca. No podia soportarlo y suplicaba a Dios que me ayudara. Le prometi que si el me ayudaba, yo le contaria al mundo lo que habia ocurrido aqui. Despues me amarre el cabello y la falda entre las piernas y me arrastre sobre el estomago detras del arbol. Alli habia animales. Unas vacas y un perro me vieron e yo tuve miedo de que hicieran algun ruido, pero Dios hizo que estuvieran silenciosos. Me arrastre entre ellos. Cruce la calle bajo un cero de puas y cruce entre las plantas de maguey hacia el otro lado. Me arrastre lejos a atra ves de las espinas. Cave un pequeno hoyo con mis manos y coloque mi cara dentro de el para poder llorar sin que nadie me oyera. Todavia podia oir los ninos gritando y llorando. Me quede alli con la cara en la tierra y llore”. (relato de Rufina Amaya no livro Luciernagas en El Mozote).
Os soldados do Atlacatl por fim terminaram sua missao. Mataram todas as criancas do Mozote que haviam sido encerradas dentro de uma casa da vila depois que suas maes foram executadas. Antes de marcharem para Guacamaya, lugar do objetivo oficial da missao, onde supostamente encontrariam o acampamento guerrilheiro que resguardava a Radio Venceremos (a guerrilha havia deixado a regiao varios dias antes), os soldados se sentaram em circulo para ouvir uma fala do capitao Salazar, um dos oficiais em mando da operacao.
“Senores, lo que nosotros hemos hecho ayer y anteayer se llama guerra. Esto es lo que es la guerra. La guerra es el infierno. Y si yo, pendejos, les digo que tienen que matar a su madre, eso es lo que van a hacer. Yo no quiero oirlos despues lamentandose, diciendo que terrible fue todo esto. No quiero oir eso, porque lo que hemos hecho en este operativo es la guerra, senores. Esto es la guerra” (do livro, Luciernagas en el Mozote).
*****
Em 1984, Santiago e a equipe da Radio Venceremos tiveram que mais uma vez deixar um dos acampamentos guerrilheiros de Morazan e marchar para despistar o exercito que havia detectado sua posicao. Desceram uma costa e avancaram por uma deserta trilha em Arambala. Era meia-noite quando no silencio da madrugada nublada perceberam onde estavam. Millares de luzes minusculas revelaram as ruinas da igreja do Mozote. “Sao as almas do Mozote”, gritou o padre Rogelio Poncet, camarada da luta da guerrilla. Eram inquietos e animados vagalumes que dancavam exatamente no vilarejo onde poucos anos antes Santiago havia estado logo apos o massacre e testemunhou, consternado, os cadáveres da populacao assassinada.
Durante as negociacoes para a paz em El Salvador, ja no comeco dos anos 90, foi estabelecido que seria criada, com intermediacao da ONU, uma comissao internacional, chamada Comisión Verdad, para investigar e fazer publico os acontecimentos que marcaram a historia do menor pais da America. O documento define a guerra civil salvadorenha como “loucura” e “delirante”.
“Entre los años de 1980 y 1991, la República de El Salvador, en America Central, estuvo sumida en una guerra que hundió a la sociedad salvadoreña en la violencia, le dejo millares y millares de muertos, y la marcó con formas delincuenciales de espanto. (…) La violencia fue una llamarada que avanzo por los campos de El Salvador; invadió las aldeas; copó los caminos; destruyó carreteras y puentes; arrasó las fuentes de energía y las redes transmisoras; llego a las ciudades; penetro en las familias, en los recintos sagrados y en los centros educativos; golpeo a la justicias y a la administración pública la llenó de victimas; señaló como enemigo a quienquiera que no aparecía en la lista de amigos. (…) Las victimas eran salvadoreños y extranjeros de todas las procedencias y de todas las condiciones sociales.
(…) Bajo la doctrina de la salvación de la patria y el principio de quien no esta conmigo esta contra mi, se pasaba por encima de la neutralidad, la pasividad y la indefensión de periodistas y religiosos, que servían de una u otra manera a la comunidad. (…) La bala expansiva que estalló en el pecho de Monseñor Romero cuando oficiaba la misa el 24 de marzo de 1980 en una iglesia de la capital, es la cruda síntesis de la pesadilla que atravesó El Salvador durante la guerra. Y el asesinato de los seis sacerdotes jesuitas una década mas tarde fue la crisis final de un comportamiento delirante (…).
(…) hasta el 16 de enero de 1992, en que las voluntades reconciliadas firmaron la paz en el Castillo de Chapultepec, en México, e hicieron brillar de nuevo la luz, para pasar de la locura a la esperanza. (…) Esta claro que los negociadores de la paz, querían que esa paz nueva este fundada, levantada, edificada sobre la transparencia de un conocimiento que diga en publico su nombre. Y esta claro, también, que ese conocimiento publico de la verdad – son las palabras textuales del Acuerdo – es reclamado con la mayor urgencia, para que esa verdad no sea instrumento dócil de impunidad sino de justicia (…).” (do documento De la locura a la esperanza – La guerra de 12 años en El Salvador, Informe de la Comisión de la Verdad 1992-1993 )
Ate hoje, nenhuma investigacao ampla foi levada a cabo no pais pelo Estado; ninguem foi condenado; permanece a impunidade.