Friday 19 February 2016

Estado da arte

As seis da tarde/noite é um mistério. Aquela hora que nos une por diferentes portas à mesma sala de um lugar com tantas variações ao longo do tempo. Espaço-tempo desencontrado nas equidistâncias, carregado de alterações de luz no Sul, e inevitavelmente escuro no Norte. Nunca será seis da noite no Sul, mesmo sendo escuro às seis; e nunca será seis da tarde no Norte, porque ali às seis é sempre escuro. É a mesma seis horas que nos fazem diferentes. É esse tempo que é o mesmo nos dois lugares, mas que tem luzes na mesma exata hora sempre tão distintamente atrevida. Esse tempo é lugar de coincidências de crepúsculo no meio do ano, e é tão diferente ao longo do calendário restante; tão matizado, tão ignorantes e conhecidos são eles, esses espaços, de tempos. Falo de um tempo que é o mesmo em dois espaços, e ainda assim também é diferente, depressivamente irreverente, separados pela mesma linha tênue que representa nossa diferença, une nossos lugares, sombreia e alumia os nossos espíritos neste(s) estado(s) da arte.

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