Monday, 10 December 2012

Pra Pelotas


Estar em Pelotas é sempre intenso, previsível e apavorante; decepcionante, amável e incurável.

Um permanente encontro e reencontro naquela desertidão de luzes foscas , mais ainda nas ruas do Porto, onde rostos ou perdidos, ou renovados, ou esquecidos-e-logo-lembrados, são dispostos a provar-se importantes, sabidos, descolados, eloquentes e indispensáveis. Perturba. Desconforto com surpresa.


tanto amor! Se a minha letra continua feia? Se eu larguei o Conservatório? Se algum chapéu é moda em Londres? Ah, meus metros “Quadrados” de desinteresse misturados com expectativas positivas e desejos genuínos!

Diante de vozes com presunçosas assunções, criticáveis quando diametralmente opostas, me senti mal. E sinto mal as nostalgias. Sinto tão bem o inusitado frio de novembro, e todos seus ventos gélidos noturnos, mas tão mal tantos outros estares.
Tem algo de errado. É esse paradoxo do meu afeto e meu desprezo. Ignoro tua ridícula insolência insustentável, e celebro tua ingenuidade, travestida de arrogância, e tua presença, úmida, no fim da lagoa no mapa.

Te desconheço, me surpreendo e te vejo igualmente tão repetitiva. O Centro Histórico está lindo, o Laranjal está reformado, o mercado imobiliário se expande, os doces seguem perfeitos, há grupos de resistência e criação, inovações gastronômicas, algumas ousadias artísticas, coloquialismos próprios, alguns novos bares e tantos e tantos universitários tão cheios de ideias, quanto de reclamações, apatias, hipocrisias e mediocridades.

Teus olhos branquicentos quanto a fumaça que sai da respiração nos antigos invernos vigiam, enrubescem, dão pena. Mesmo tão blasé sempre queres algo que não sabes exatamente o que é, nem como alcança-la , e quase não nos reconhecemos em meio a essas diferenças entediadamente idênticas. Logo eu, que te sentia tão lar.

Teu sabor, doce é claro, contrasta com tua amargura semi-urbana, altiva não se sabe como, que goteja vagarosa e depressivamente entre os vãos dos paralelepípedos resistentes.

Me assustas. Não sei se te reconheço enquanto te vejo tão igual. Te deixo solene, ao sol que não queima, a sós entre esperanças. Faz frio em Pelotas em novembro. Teu nome é umidade.

1 comment:

Anonymous said...

i would love to have a coffee in aquario... and a walk in the humid pelotense streets...
see you through the place you were born...
paka paka