Saturday 4 April 2009

Churrasco e Chimarrao


Entre un mate y otro de una tarde de sábado de sol catalán, fijo en el cielo pero que aun no calienta lo suficiente, y unas canciones del Brasil sureño, chequeo mi correo para con sorpresa encontrar los textos abajo que me los enviaran desde aquella tierra natal. Buena coincidencia para alimentar una sana nostalgia de vez en cuando. Son colaboraciones de un residente en la ciudad de Pelotas para un blog local que, al comentar sobre su suegro, trata con propiedad de dos patrimonios de los gauchos brasileños del Rio Grande: chimarrao e churrasco.


En un portugués con varios matices gauderios, que ni muchos brasileños de otros estados son capaces de descifrar, dejo ahí un manifiesto de “saudade” a través de la descripción de esos dos elementos culturales a los cuales somos tan aferrados, y celosos.




No texto sobre o sogrão, na semana passada, ficou faltante falar do chimarrão - a que ele era chegado. Lembro que não gostava de rodas grandes de mate, onde um não ronca, o outro mexe na bomba e a outra se esquece da vida com a cuia na mão."Mate eu tomo", dizia, de manhãzinha, solito com meu pala e meio emburrado!

Particularmente não sou daqueles que toma chimarrão o dia todo. Aprecio com moderação, também não sou de rodas de assuntos cruzados, e nada de chimarrão de uruguaio, curto como coice de porco. Gosto de cuia grande, bomba que não entope e erva forte, sem jujo e gostos estranhos. Interessante saber que o chimarrão ou mate é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul, um hábito legado pelas culturas quíchua, aymará e guarany.

Os guarany, lá pras bandas do Paraguay, tomavam o chá de ervas em copos feito de taquara, (bambu) assim como a bomba, mais fina e com furos embaixo. Os desbravadores, nômades por natureza e os soldados espanhóis que andaram por aqui e acolá, nos idos 1500, saudosos do lar e das patroas, tomavam homéricas borracheiras. E observaram que, tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo.

Tem ainda o causo do primeiro mate. Conta a lenda que os jesuítas, achando que o mate era afrodisíaco e, para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate.Mas os padres não se deram bem nessa tentativa.

O hábito salutar sobrepujou o temor que lhes fora impingido. Por isso, toda vez que o índio ia tomar mate com outros, tomava o primeiro como demonstração que Anhangá Pitã não se encontrava no mate.Lembrando que o chimarrão tem propriedades desintoxicantes e eficazes numa alimentação rica em carnes, fico com este singelo versinho:“Ceve o mate da felicidade com uma chinoca recatada e dona de si, e mate é como sabugueiro do campo: bom prá tudo.”

Luiz Minduim, da equipe do blog www.amigosdepelotas.com

Saudades do meu sogro que estaria completando oitentinha, figuraça com quem tive o privilégio do convívio. Quem o conheceu sabe do que falo. Um gauchão típico, irreverente, balaqueiro e mandão - como todo Ariano.
No início foi difícil, ele desconfiado, não entendia porque a filha bonita e prendada tinha de se engraçar com um paulista, cabeludo e, ainda, artista plástico.Perguntava-me sempre: - Como é seu nome mesmo? Você faz o quê? É pintor... Ahhh! Mas era tudo jogo de cena, seu jeito característico de se exibir, marcar território e fazer troça.

Com ele aprofundei meu interesse pelas coisas do pampa. Usava muito as comparações: - Quieto como guri cagado em porta de rancho. - Tranqüilo com cozinheiro de hospício... (inspiração para desenhar um livro de adágios gaúchos).

Mas o principal aprendizado foi o do churrasco. Costumava afirmar: - Como churrasco oito vezes por semana!

Fim de tarde, um tio trazia meio capão ou uma ovelha de fora, assados sempre em churrasqueira de tonel, pedaços inteiros, costela, paleta e quarto. E enquanto a filharada (sete) trovava e cantava eu ficava ali de revesgueio, prestando atenção no preparo.

Aprendi a tirar as catingas, espetar, saber reconhecer borrego, boca cheia, ovelha, capão, usar o fogo como aliado.

- Não se mexe no fogo, só na carne! A carne era salgada com salmoura de sal grosso e água quente, quando já estava quase pronta.

O auge era tal de volta do Guerino, um corte em meia lua na lateral da paleta, sem tocar no osso: – Vou dar um talho que não tem doutor que costure!

A mesa era original: duas taboas de polegada com altura do joelho, onde a carne era servida, cortada e devorada, sem pratos, saladinhas e outras frescuras.

Com o tempo me formei assador, e nos últimos anos, já escolhia e comprava a carne dos assados domingueiros. Um paulista iniciado por um gaudério de Passo Fundo... mas, bah!

Hoje imagino o Hybirá na invernada das nuvens, fazendo anjo de mandalete: - Me traz uma carteira de róliu, piá, ligeiro...

2 comments:

D&R said...

"Como churrasco oito vezes por semana!"
Esse era feliz!

E, sim. É, de fato, outro idioma. Tu bem que podia ter traduzido pro português standard, né? =p

ini said...

amorzinho

u miss the lands down below e....

i cant think nothing better than lots of churrasco and lots of chimachao jejejej
meu gaucho

un beso bien grande