Wednesday, 19 January 2011
Back for now
Sunday, 16 January 2011
I go to Rio
Friday, 14 January 2011
Textos curtos para Ítaca XII
Das
Vermelho-vermelho de poeira e de canela.
Virou a página.
Fechou a porta.
Desceu por trás.
Duro e desmedido sem grisalhos ou bocejos
ouve ao longe dois Dourados
entrançados que se ferem,
se costuram, se desculpam e se cotejam
com pedaços de novembro, de aconchego,
de receio.
De hábito.
De novo.
Wednesday, 12 January 2011
Tuesday, 11 January 2011
11/01/2011 (2)
Mirroring another blog because it says much. Tnx, αγάπη.
"AFTER this Zarathustra returned again into the mountains to the solitude of his cave, and withdrew himself from men, waiting like a sower who hath scattered his seed.
His soul, however, became impatient and full of longing for those whom he loved: because he had still much to give them.
For this is hardest of all: to close the open hand out of love, and keep modest as a giver.
Thus passed with the lonesome one months and years; his wisdom meanwhile increased, and caused him pain by its abundance. One morning, however, he awoke ere the rosy dawn, and having meditated long on his couch, at last spake thus to his heart:
Why did I startle in my dream, so that I awoke? Did not a child come to me, carrying a mirror?
"O Zarathustra"- said the child unto me-"look at thyself in the mirror!"
Presidenta, sim!
Para quem ainda não se convenceu de que a Dilma é “presidenta”, mais Marcos Bagno, em artigo originalmente publicado em Carta Maior, para nos esclarecer. Linguística salva!
"Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que as marcas desse predomínio masculino tenha sido incrustada na gramática das línguas.
Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.
Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares.
Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.
Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?
Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública."
Monday, 10 January 2011
Uma frasezinha
Sem tempo pra produzir jornalistica e academicamente, nessa fase de socorro-tambem-sou-humano, tô atualizando o blog batendo todos os recordes de “clichênice” nos últimos dias. Azar!
"Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.
Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar o calor.
E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser;
que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver"
(Amyr Klink)
Friday, 7 January 2011
Alguem disse que estou nostalgico
E eh possivel nao entrar em nostalgia? Claro que tenho presente que posts como esse (e outros) nao acrescentam nada ao debate que esse “arquivo pessoal online” pretende ser. Mas nos ultimos dias tem sido muito difícil evitar dar alguma especie de vazao a essas outras tolas pessoalidades; essas que nao sao nem de ordem pratica, academica ou profissional, senao as da que alguns chamam de alma.
Ao estar fora do circuito da maioria das redes sociais fico apenas com esse blog para fazer alguna eventual expressao mais intima, cuja vontade, vez la que outra, tambem bate. E assim caminhamos, entre cliches e absurdos, no campo das muitas vezes bobas susceptibilidades que a nostalgia nos provoca.
Escrevo as quase quase cinco de mais um entardecer de azul-escuro em Londres, terminando o ultimo dia de trabalho sentado a minha mesa escutando com um certo aperto na garganta os diferentes sotaques em ingles, recebendo cartoes de despedidas com desejos de sorte – quase todos sem abracos, mas com palavras honestas e um genuino olhar de quem manifesta apreco dentro das suas particularidades culturais.
Ainda ha outras despedidas a fazer, mas agora aguardo o termino do dia para ir por uma das ultimas vezes a um pub, na upper street, para um leaving drinks session with work colleagues, encher copos de 550ml que eles chamam pint com cervezas de verdade das quais tambem sentirei falta, mesmo desse breu que comeca as 16h eu sentirei falta, passar horas rindo em ingles, descrevendo em ingles, narrando em ingles. Essa versao anglo-saxonica de mim. Tudo eh despedida, tudo eh finalmente.
Mas logo tem mais. Eh soh mais uma viagem, sempre eh soh mais uma viagem.
Tuesday, 4 January 2011
Começar o ano com Marcos Bagno: contra o preconceito
Autor de mais de 30 livros, entre obras literárias e de divulgação científica, Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília, atualmente é reconhecido sobretudo por sua militância contra a discriminação social por meio da linguagem. No Brasil, tornou-se referência na luta pela democratização da linguagem e suas ideias têm exercido importante influência nos cursos de Letras e Pedagogia.
“A língua é um dialeto com exército e marinha”, (Max Weinreich)
Preconceito mais antigo que o cristianismo, a língua desde longa data é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social.
O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar a língua oficial. Evidentemente qualquer processo de seleção implica um processo de exclusão. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais línguas passam a ser objeto de repressão.
Falar de uma língua é sempre mover-se no terreno pantanoso das crenças, superstições, ideologia e representações. A Língua é um objeto criado, normatizado, institucionalizado para garantir a unidade política de um Estado sob o mote tradicional: “um país, um povo, uma língua”.
Durante muitos séculos, para conseguir a desejada unidade nacional, muitas línguas foram e são emudecidas, muitas populações foram e são massacradas, povos inteiros foram calados e exterminados.
Não podemos esquecer que o que chamamos de “língua espanhola”, “língua portuguesa”, ou “língua inglesa” tem um rico histórico, não é algo que nasceu naturalmente. Podemos amar e cultivar essas línguas, mas sem esquecer o preço altíssimo que muita gente pagou para que elas se implantassem como idiomas nacionais e línguas pátrias.
Dialeto e língua, fala correta e incorreta: na entrevista concedida a Desinformémonos (disponível no site da Brasil de Fato), Bagno desnaturaliza esses conceitos e deixa à mostra a ideologia de exclusão e de dominação política pela língua, tão impregnada nas sociedades ocidentais.