O Instituto Mário Alves (IMA) completou, neste mês de maio, 10 anos de atividades. E eu faço parte dessa história.
O debate sobre a ululante necessidade de se pensar e de se efetivar estrategicamente o Instituto de Estudos Políticos Mario Alves, no Rio Grande do Sul, ganhou espaço entre a direção e simpatizantes da organização a partir de 2008 e desde então vem gradativamente tomando corpo na agenda da entidade. Conversas informais sobre questões estruturais e estratégicas urgentes passaram a ter mais presença a partir daquele ano em face dos desgastes e das dificuldades organizativas que se enfrentavam.
Diante disso uma longa, lenta, mas assertiva discussão sobre a possibilidade de se realizar um Planejamento Estratégico, divisor de águas na história do Instituto, foi pautada e paulatinamente construída.
E esse momento, finalmente, chegou! Neste fim de semana certamente muito frio nos pampas gaúchos, na cidade de Pelotas, um valoroso coletivo, de antigos e novos militantes, está reunido para pensar e construir estrategicamente o Instituto Mário Alves. O Seminário de Planejamento Estratégico do IMA está sendo facilitado pela companheira Juliana Vitorino, que se jogou nesta empreitada para compartilhar sua experiência de gestão no Terceiro Setor e foi enfrentar o Minuano!
10 anos de lutas...
Um grupo de pouco mais de uma dezena de nomes, no final dos anos 90, num grupo do qual eu fazia parte, que pertencia a uma corrente política de um partido situado no dito âmbito da esquerda da política brasileira, veio a fundar em maio de 2001 uma organização denominada Instituto de Estudos Políticos Mario Alves, em homenagem ao intelectual e militante comunista brasileiro assassinado pela ditadura militar brasileira em 1970.
Nestes 10 anos, vários foram os desafios enfrentados para transformar o Instituto em referência para os movimentos sociais de Pelotas, do Rio Grande do Sul e viabilizá-lo financeiramente.
O IMA fez-se uma organização regional consolidada no Rio Grande do Sul, promovendo atividades como: seminários de pensamento político e de memória de eventos políticos latino-americanos, ministrando cursos em temas sociológicos e filosóficos, proporcionando espaços de reunião para movimentos sociais, apoiando iniciativas ativistas anticapitalistas, construindo arquivos de documentos audiovisuais e de livros de memória política latino-americana (essencialmente sobre ditaduras sul-americanas do século XX e de literatura de esquerda), organizando video-debates sobre conjuntura política nacional e latino-americana e gestionando uma pequena livraria especializada em literatura sócio-política.
O IMA construiu um patrimônio cultural e político bastante importante e como resultado de tudo isto há um reconhecimento dos movimentos sociais e a conquista, no final do ano passado, do Projeto Pontos de Cultura do Ministério da Cultura, em parceria com a FURG. Nele se está reconstituindo as memórias do Movimento Estudantil gaúcho na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do país.
... momento estratégico!
Porém, várias são as dificuldades que persistem na trajetória do IMA, podendo-se destacar principalmente as relativas às questões organizacionais e financeiras, sendo que esta última por várias vezes praticamente colocou a necessidade de encerramento das atividades. Em temos organizacionais o Instituto tem problemas graves, o que limita enormemente as possibilidades de efetivação de suas propostas.
É absolutamente fundamental uma profunda mudança na forma de organização do IMA, bem como a atualização do debate sobre nossos objetivos e nossa vocação.
É nesse contexto que se dá o processo de debates internos e a realização de Seminário de Planejamento Estratégico, nos dias 2 e 3 de julho, que busca uma organização e sustentabilidade trabalhadas na institucionalidade e identidade, profissionalização e mobilização de recursos.
O IMA ao longo de sua trajetória, da qual com muito orgulho faço parte, com mais ou menos consciência, se especializou em recuperar e promover memória política, notória e especificamente dos países do entorno Cone Sul. O aprofundamento da delimitação do seu campo de atividades é condição sine qua non para sua profissionalização. Com missão e objetivos próprios construídos com base na sua própria experiência, o IMA deverá ser primordialmente um empreendedor de Memória Histórica e um Centro de Referências de Lutas Políticas no Extremo Sul.
Parabéns ao Instituto de Estudos Políticos Mário Alves, seus membros e militantes!
Companheiro Mário Alves, presente!
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