Os ministros Nelson Jobim (Defesa), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) vão procurar líderes partidários no Congresso para articular, ainda neste semestre, a criação da Comissão da Verdade e Justiça*. Caberá à comissão esclarecer crimes de lesa-humanidade cometidos pela ditadura militar (1964-1985), como mortes, desaparecimentos e torturas.
A mobilização dos ministros começará nas próximas semanas, conforme informou, neste domingo (27), Maria do Rosário, em Genebra. Apesar dessa articulação pela Comissão da Verdade, a ministra afirmou que a presidente Dilma Rousseff não tem planos de propor uma revisão da Lei da Anistia**. "Não cabe ao Executivo propor isso. Essa deve ser uma questão da sociedade", disse Maria do Rosário.
Segundo a ministra, a criação da comissão está entre as prioridades do governo. "Vamos ter um diálogo mais direto com os líderes, sobre o significado disso", explicou, ponderando que o Executivo não irá além disso. "Alguns acham que pode ser a porta para buscar a revisão da Lei da Anistia. Mas nós nos movemos dentro do que está no ordenamento jurídico do Brasil", afirmou.
Segundo ela, "é uma comissão do resgate da memória, do direito de saber o que ocorreu. Não cabe ao Executivo hoje, com os limites que temos, iniciar o debate da anistia. Não é nossa proposta e nem está dentro das nossas possibilidades."
No Congresso, os líderes dos partidos aliados também vão tentar a aprovação do projeto da Comissão da Verdade neste primeiro semestre. O texto em discussão no Legislativo foi enviado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2010 e diz que a comissão tem por objetivo "promover a reconciliação nacional" e "o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior".
Na época, houve reação de setores militares, que temeram tratar-se de proposta revanchista. "O ideal é votarmos a proposta como ela veio do Executivo", diz o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). "O projeto já foi costurado com os Direitos Humanos, a Defesa e a Justiça", afirmou.
Em janeiro, Maria do Rosário já havia se comprometido a trabalhar pela aprovação do projeto. Ministro da Defesa desde o governo Lula, Jobim travou duros embates com o antecessor da ministra, Paulo Vannuchi***. Após a posse de Dilma, reafirmou apoio à criação da comissão.
As informações são de O Estado de S.Paulo
Três comentários:
* Este semestre? Mesmo? Fingers crossed...
** Tá bem. A sociedade continuará propondo, pode confiar. A Comissao, via Executivo, não irá rever a lei da Anistia, mas se depender dos que lutam por Justiça e Memória no Brasil, ela será sim uma porta de entrada para acabar com a impunidade de aposentados generais torturadores.
*** Onde está Paulo Vannuchi?
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