Autor de mais de 30 livros, entre obras literárias e de divulgação científica, Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília, atualmente é reconhecido sobretudo por sua militância contra a discriminação social por meio da linguagem. No Brasil, tornou-se referência na luta pela democratização da linguagem e suas ideias têm exercido importante influência nos cursos de Letras e Pedagogia.
“A língua é um dialeto com exército e marinha”, (Max Weinreich)
Preconceito mais antigo que o cristianismo, a língua desde longa data é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social.
O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar a língua oficial. Evidentemente qualquer processo de seleção implica um processo de exclusão. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais línguas passam a ser objeto de repressão.
Falar de uma língua é sempre mover-se no terreno pantanoso das crenças, superstições, ideologia e representações. A Língua é um objeto criado, normatizado, institucionalizado para garantir a unidade política de um Estado sob o mote tradicional: “um país, um povo, uma língua”.
Durante muitos séculos, para conseguir a desejada unidade nacional, muitas línguas foram e são emudecidas, muitas populações foram e são massacradas, povos inteiros foram calados e exterminados.
Não podemos esquecer que o que chamamos de “língua espanhola”, “língua portuguesa”, ou “língua inglesa” tem um rico histórico, não é algo que nasceu naturalmente. Podemos amar e cultivar essas línguas, mas sem esquecer o preço altíssimo que muita gente pagou para que elas se implantassem como idiomas nacionais e línguas pátrias.
Dialeto e língua, fala correta e incorreta: na entrevista concedida a Desinformémonos (disponível no site da Brasil de Fato), Bagno desnaturaliza esses conceitos e deixa à mostra a ideologia de exclusão e de dominação política pela língua, tão impregnada nas sociedades ocidentais.
2 comments:
Caro Aleks,
Mais do que a língua, a linguagem nos faz humanos. Lacan inclusive se refere muitas vezes, a "alingua" como um mix que nos torna seres absolutamente complexos, mix entre o símbolo falado e seu significante, transcendência espetacular entre o concreto e o amálgama do sentir...cultural e pulsional...Vigi Maria!!!
Pano prá manga, prá muita manga, de camisa, paletó, vestido bordado e de árvore da fruta doce dos terreiros desse "mundo de meu deus".
Só prá dizer que falei de flores...e de amores...
Ah! a linguagem!
Oi Marcia, não sei como és, mas sei quem és..heheh to gostando de te ver acompanhando esse despretensioso arquivo pessoal on-line com tao bright comments. Mas devo dizer que, “técnica-saussurianemente”, nosso objeto ainda é a língua – ela é a norma das manifestações da linguagem. A dicotomia langue/parole é tema quente e que, como dizes, da pano pra manga e paletó, com Lacan e muito mais! Espero que um dia falemos pessoalmente sobre. Saludos!
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